terça-feira, outubro 31, 2006

Algodão Doce!

Existem pessoas na nossa vida que por vezes nos sabem a Algodão Doce.

Aquela coisinha boa colorida que metemos na boca e logo se derrete. É claro que ficamos com açúcar derretido até às entranhas, e mal tocamos em algo a nossa pele cola. Mas é divertido.

Assim são algumas almas errantes por aí… que de tão engraçadas colam-se-nos à pele e fazem-nos sorrir.

A história do Condutor que Vai todos os dias até Santarém é uma dessas pessoas que etiqueto de Algodão Doce.

Não conheço o Condutor que Vai todos os dias até Santarém, mas vejo-o todas as segundas feiras enquanto espero o meu autocarro chegar.

Naquela melancolia que é a segunda-feira de madrugada, é ele quem enche o meu sorriso de sol.

De cara rasgada num sorrir perfeitamente puro ele sai do autocarro e diz:

- “Quinta do Sobrado, Abrantes, Fátima, Santarém” [e mais uma parafernália de nomes de terras portuguesas]…

E cala-se sempre de sorriso na mão.

-“ Não, não penso que vá para aí alguém” – responde uma senhora idosa.

-“De certeza? Olhem que não me apetece nada viajar outra vez sozinho… eu pago o pequeno-almoço e ainda vai visitar uma terra diferente… que me diz?”

Todas as pessoas que nesse momento estão embrenhadas nas conversas, ou na música, ou na leitura, ou em quer que seja, esfarrapam gargalhadas vindas da mais cristalina simplicidade.

Eu também sorrio.

Acho que aquele Condutor que Vai todos os dias até Santarém existe para me fazer sorrir todas as segundas feiras de manhã, e uma outra pessoa às terças e outra às quartas… até à infinidade…

Depois de colocar o pessoal bem disposto, entra no seu transporte e segue o seu caminho, não sem antes acenar um breve adeus à plateia que o admirou, pelo menos um instante.

Acho que todos nós gostaríamos de ser Algodões Doces um instante, pelo menos. Nem que seja na vida de alguém, mesmo desconhecido. Não interessa.
O que é interessa é ser. E depois de Ser - > Sentir.

"Onde caberá um mundo inteiro neste mundo pequenino? Como é que se consegue?
Como é que se faz?"

sexta-feira, outubro 27, 2006

Warning!

"I suggest we Learn to love ourselves, Before its made illegal..."

"She woke in the morning. She knew that her life had passed her by She called out a warning. Don't ever let life pass you by."

Bom Fim-de-Semana

quinta-feira, outubro 26, 2006

Cinco Manias

Regulamento: "Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue."

Em seguida descrevo sucintamente algumas das minhas preciosas manias. Para mais informações liga para: …. (acham que vos ia dar o número?)


1ª Mania Agressiva_ Ofender-me gravemente com as críticas dos outros (ai que fera) …


2ª Mania Óbvia_ Adoro ser a melhor bolacha do pacote…(tive piada não tive? eh eh eh)

3ª Mania Idiota_ roer as minhas ricas unhas (nunca se sabe quando poderei (ou não) arranhar as costas de alguém!);

4ª Mania Compreensível_ Não me pisem os calos. Sou de trato difícil!

5ª Mania Simples_ Gosto muito de andar no mundo da lua… a sonhar e tal…alienada… acho que é melhor que borra de café nas plantinhas…


ADENDA (a pedido de muitas famílias seguem mais duas manias)

6ª Mania Manio-Depressiva_ Inventar montes de histórias sem nexo (criar ilusões com a vida das outras pessoas... observá-las de longe, nem que seja numa foto e saber dentro de mim cada história)... dar vida e criar associações com números letras e cores (sabiam que o A é uma mulher por quem o B está apaixonado mas que não lhe liga nenhuma e que o E é uma mulher irmã do macho D?) eh eh eh [freaky]

7ª Mania Política_ Ser assumidamente de esquerda e acreditar que um dia o poder vai ser nosso e seremos todos irmãos...

As seguintes páginas a brotar com manias são:

Pancrásio Juvenal
Hole in My Vein
Monarca

Alien
Casemiro dos Plásticos

"Que farias se tivesses seis pernas? Para onde voavas se tivesses asas? Se tivesses a tua própria antena para ouvir o mundo, em que frequência te sintonizavas?"

segunda-feira, outubro 23, 2006

Uma vida falhada é um direito inalienável!

Le valse des Monstres Ian Tiersen (Le Fabuleux Destin d'Amelie Poulain-Jean Pierre Jeunet)
- "É claro que a conheces"
- "Desde quando?"
- "Desde Sempre. Nos teus sonhos."
(Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain)

quinta-feira, outubro 19, 2006

quarta-feira, outubro 18, 2006

"O que escreves faz-me sofrer!"
Pedro Paixão

...

Hurt You?
A tristeza de magoar. De "aleijar" só mais um bocadinho! Tenho medo de te fazer sofrer... de sofreres por mim... porque eu gosto de sofrer... de me estar a corroer por dentro... gosto de me imaginar fora de mim, a voar, para apagar aquela dor que gosto tanto de sentir...
Do you still love me?
"E de repente o sossego, a paz nos nossos corações atribulados, o alívio de, por fim, nos termos encontrado"...
Pedro Paixão

sexta-feira, outubro 13, 2006

Somos sempre quatro. O que achamos que somos, o que achamos que os outros acham que somos, o que os outros efectivamente acham de nós e o que somos veramente, independentemente dos achados e dos perdidos.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Final Fantasy


Eu vou. Sábado.
[Lembram-se do jogo? Lembram-se do filme? Passaremos também a lembrar-nos de Owen Pallett. Seguiremos o som do seu violino como ratos amestrados. Seremos conduzidos a um abismo de delicadeza e luminosidade. Saltaremos sem olhar para o chão e não cairemos. Flutuaremos em círculos. Seremos envolvidos pela beleza e suavidade da composição. Tocar. Gravar. Retocar. Regravar. Conheçam a reutilização do som. A técnica já é conhecida, mas Final Fantasy acrescenta-lhe a dimensão pop clássica e voz frágil. Um homem e o seu violino, os dois sozinhos.]
texto in lecool

terça-feira, outubro 10, 2006

Para um amanhã sem olheiras, sem água das pedras, sem desequilíbrios hepáticos...


Quero dar um passo. Mais. Quero dar vários passos para me perder em ti. Quero desfazer-me em ti de três mil maneiras e depois cair no abismo do nada. Quero abrir as têmporas e pensar no infinito. Cozer as lágrimas com salmão e grelhar o amor. Quero cruzar-me com o futuro sem me aperceber que o passado está já ali a dois metros. Quero morrer de amor. Quero sorrir de paixão ou gritar de prazer. Quero partilhar os cabides do armário. Quero perfumar-me todas as manhãs sem me esquecer. Quero arrancar a solidão, o desconforto do beijo e acabar por beber da tua água.
Quero isto tudo. Ou não quero nada disto.
Deêm-me vertigem, que quero fugir...

segunda-feira, outubro 09, 2006

"Eu própria não tenho razão para qualquer tristeza, mas não aguento. Trago os bolsos com ansiolíticos que desfaço na boca com golos de vinhos caros e ainda consigo compor uma frase minimamente correcta."
Pedro Paixão

domingo, outubro 08, 2006

sexta-feira, outubro 06, 2006

Please... breathe!


Quem lida diariamente comigo sabe e, de certo modo, compreende o meu fascínio pela morte. Não pelo facto em si ou por ver pessoas mortas, porque não o faço nem o quero fazer. O meu fascínio nasce de uma outra coisa. Dos cemitérios. Não. Não pensem que “ah esta garota é louca e mórbida, iaccc”, ou “xiii, nunca mais cá venho!”. Porque considero este meu fascínio a coisa mais banal do mundo.

Com certeza todos têm um local onde se sentem bem. Algum sítio onde respirar é mais fácil e onde o corpo não pesa tanto. Quando entro num cemitério é isto mesmo que me acontece. Sinto uma verdadeira Paz. Sinto-me leve. Sinto-me mais eu. Sinto-me mais humana.

Sei que quando caminho por entre as campas de pessoas que nunca conheci, estou a inventar mil histórias na minha cabeça. Olho as fotos. Vejo as datas de nascimento e de extinção. E ponho-me a imaginar as vidas daquelas pessoas. Como terão sido? O que terá acontecido? Será que a morte lhe doeu mais ou aos que o/a rodeavam?

Depois reparo em todos aqueles que morreram antes de 74 e nunca viram a revolução dos cravos e penso: “morreste a pensar que a ditadura era banal, e que não havia futuro”. E isto entristece-me deveras. Porque todos deveríamos conhecer a palavra liberdade. Há ainda aquelas mulheres, enterradas com os respectivos maridos, que com certeza as mal tratavam, as violavam, as agrediam… porque dantes era assim… a “teoria do aguenta”.

Este sábado fui ao cemitério com a minha mãe, colocar flores na campa da minha avó e do meu avô (que eu nunca conheci). Recordei-me de quando era miúda e ia lá com a minha avó colocar flores naquilo que era, naquela altura, apenas a campa do meu avô. Doeu-me saber que é ela que agora está lá dentro. E apeteceu-me gritar e dizer :”vó… salta cá para fora, que o avô tem as flores secas”.
Mas isso não aconteceu, como era de esperar…

Ao lado estava uma mãe com uma criança dos seus 10 anos. Esta, mal chegou à última morada dos seus avós, beijou freneticamente a fotografia dos mesmos. E disse: “olá avó!”, e depois “olá avô”. Comoveu-me. Porque aquela campa estava lá há bem mais de 10 anos. Aquela criança nunca conheceu os avós para além das fotos redondas da sua campa. E aquilo servia-lhe. E amava aquelas fotos como se de os verdadeiros avós, de carne e osso, se tratassem.
É fascinante o nosso mundo e as nossas crenças…

Enquanto atravessávamos uma última vez as ruas da morte (que me dão tanta vida!), reparei, mais uma vez na mentira das flores plásticas, colocadas nas campas mais belas de todo aquele local. Uma afronta a quem está lá em baixo. Colocar flores que nunca morrem, em cima de um morto é uma ironia. É quase como se estivéssemos a dizer “hei, tu morreste, mas coloco-te algo que te enfeita e que nunca morre contigo, para que possas sentir pena daquilo que deixaste”…

Mais uma coisa que me magoou. E muito. Porque eu respeito muito que está morto. É quem me fascina para eu escrever histórias. São aquelas pessoas fechadas naquelas quadrados. Aquelas pessoas que me sorriem sempre com o mesmo sorriso da mesma fotografia há 20 anos. Um dia vou retirar todas as flores plásticas e colocar flores vivas em todas as campas. E dizer:

“boa noite, estas vão morrer convosco, como um sinal de que todos caminhamos para a morte”.

E saí. Com a dor entalada na garganta. Ainda com a areia da morte presa nas sapatilhas. Mais leve que nunca…
Do not cry in public.
Do not laugh in public.
Do not fall in love in public.