sexta-feira, agosto 25, 2006

Espelho dos dias

Todos os dias vejo uma miúda quando olho ao espelho que se questiona o raio que está aqui a fazer.

Estou à espera.

Tenho cometido tantas estupidezes, tantos erros, que me custam a contar… e dói cá dentro… a porta está fechada… a fechadura está estragada… custa-me acreditar que estas são as horas que são… que não dá para mudar o tempo, atrasar os relógios… fazer com que a espera não se eternize.

Será que fiquei mais feia, porque simplesmente cresci?… porque não arrumei as malas do coração, na infância das cores de rosinha… não percebo porque ainda mantenho exactamente a mesma gargalhada…

A dor atenua-se. Sei-o bem. O pior é quando a prevemos e começamos a contar os dias do avesso, em vez de ser do direito. Se bem que, andar com a roupa do avesso afasta as bruxas, dizia já a sabedoria popular.


Não quero nada saber dessa história, e por vezes pouco me importa o que os outros dizem ou querem dizer, ou pensam em dizer e não dizem…

Já tenho saudades tuas.

O contrabaixo dos sentimentos está com as cordas partidas e sinceramente não me apetece gastar dinheiro a comprar umas novas. As cordas dos contrabaixos são caras e custa tanto…

É como tocá-lo. Faz bolhas nos dedos… faz cãibras nos pulsos, mas ao mesmo tempo dá um prazer imenso ouvir aquele som ritmado por onde se segue toda a música…

O amor é a melodia ritmada que gere a vida… o ritmo vai desde os batimentos cardíacos até às enxaquecas diárias.

Mas nada disto me basta. Nunca me bastou a ausência. Insaciável.

Vou para casa pensar no assunto e decidir se isto é tudo mentira ou a mais pura das verdades.

Deixem-me amar, que estou deprimida…

sexta-feira, agosto 18, 2006

“Há pessoas que são para nós como os poetas: põem palavras onde antes só havia sentimentos”.

“A vida levanta pó que se farta”. Nem tudo são cores pastel. O rosinha e o azulinho, passando por aquele amarelito murcho…

As cores que enfeitam os nossos dias, julgo, serem outras. Um vermelho vivo de paixão desmedida; um azul forte de raiva, um verde ranhoso de vómito, sem esquecer, é claro, do amarelo florescente dos sorrisos premeditados.

Nunca gostei da hipocrisia dos sorrisos amarelo florescentes. Mas uma vez, um grande professor meu, deu-me uma lição para a vida: “se queres ser alguém terás de ser hipócrita por momentos”. E juro, que se não fosse a minha falsa hipocrisia (que sou terrível a mentir), hoje ainda não era um terço do que me tornei. Não é que seja uma grande pessoa, mas penso ter aprendido a lidar com aqueles que não interessam nem “ao menino Jesus, nas palhinhas deitado, nas palhinhas estendido”.

Já o vómito verde ranhoso é o asco que sentimos por certas coisas. Nunca confundir com o azul forte de raiva. Porque a raiva pode sentir-se com quem amamos. Agora o asco é mais para o sorriso amarelo florescente.
O vermelho vivo, esse… era aqui que eu queria chegar. Não é que goste de vermelho – que até nem gosto nada – sou apartidária futebolística, e só tenho uma camisola vermelha que comprei por catálogo e da qual nem escolhi a cor. Eu é mais o branquinho, o verdinho e o amarelito.

Mas onde é que ia? Ah… ai… ai… o vermelho da paixão é das cores que nos levanta mais o pó. Insconstante, insuficiente, fastidioso… Até porque “encontrar o amor é o segundo desafio da nossa vida. O primeiro é nunca lhe dizer adeus”.

Há pessoas que simplesmente nos viram do avesso e banham de sol o pó das nossas vidas. O problema é se elas nos abandonam de “pantufas”. E essa história de aprendermos com os nossos erros, e ir sofrendo às “mijinhas”, para mim, não é mais que tolice.

Quantas vezes não cometemos exactamente o mesmo erro? “Aprender a olhar para trás faz doer o pescoço” e a mim já me basta a minha hérnia.

Há que passar pelas coisas, para aprender, é claro… mas na minha opinião, será também para que da próxima vez que nos desiludirmos com a mesma situação pensarmos idealizar apenas um amor é dizer adeus sem dar por isso.
Então vamos lá. Toca a arriscar… não nos vamos querer decepcionar com um ideal quando nos podíamos decepcionar com o “big deal”.

Vá lá… deixem-me ser poeta que vou de férias!!!

sexta-feira, agosto 11, 2006

Ai as aulas de Etiqueta!

Parece que anda aí uma onda do pessoal se andar a etiquetar todo... eu por mim tirava todas as etiquetas, as da roupa, as da mesa, as do bem parecer, enfim... (suspiro). Fui etiquetada pelo Hole In My Vein. E juro que agora estou um bocado nervosa porque nem sei o que dizer.... São seis coisas que temos de dizer sobre nós, não é... e depois etiquetar mais seis pessoas... então aqui vai:


1_ Adoro - estar em casa quentinha enquanto faz frio e vento lá fora. Fechar-me no quarto com o meu Martini a ouvir Sigur Rós, a sentir pena de mim. Ir para perto do mar apenas para molhar os pés (até porque tenho um medo do mar que me pelo). Ver as estrelas e não perceber nada de constelações. Perder-me em cidades que não conheço bem. Viajar. Conhecer cada vez mais gente para estar cada vez mais concentrada em mim. Um bom concerto, uma bela exposição de pintura que me arrepie (como a fixa de expressionismo português da Gulbenkian, onde eu ia todos os anos para me arrepiar mais um bocadinho). O primeiro beijo, o primeiro toque, o primeiro olhar apaixonado. O amor e tudo o que ele envolve, incluindo a dor. A dor.Adoro gatos. Adoro estar triste. Chorar. Adoro os meus amigos. Adoro o meu curso, apesar de não trabalhar naquilo que sonhei (há-de chegar a altura).


2_Detesto - Não ter consigo ser Jornalista de Guerra. Não ter seguido Pintura. Não ter continuado em Bandas de Garagem. A mania de algumas pessoas de que têm razão, afinal a razão é tão subjectiva. Detesto conselhos que não me levam a lado nenhum. Detesto conversas de chacha. Pessoas que chamam intelectualóides a quem gosta de filmes do David Linch e livros do Kafka, porque ninguém percebe nada e pensam que percebem - uma palavra para essas pessoas, gosto de coisas que me façam pensar, já vi o Mullolland Drive cinco vezes e ainda me fascina... Não gosto de coisas fúteis, como futebol e passo-me com o pessoal que me chama burra por não gostar de futebol.


3_ Sou - Assumidamente de Esquerda. Ambientalista. Faço a separação dos lixos. Moro com mais três pessoas. Tenho duas casas. Pinto telas para amigos e escrevo contos para concursos. Sou designer nas horas vagas. Sou mesquinha com coisas pequenas. Sou amiga de quem me ama e sou capaz de tudo para defender os amigos do peito.


4_ Já Fui - Irritante. Chata. Ridícula. Inocente. Catequista. Cantora. (Mas quem nunca foi?) Todas as pessoas que me conhecem falam da minha evolução enquanto pessoa na faculdade. Passei de Besta a Semi-Bestial... LOL...


5_ Não passo sem - Milan Kundera, Kafka, Fernando Pessoa, Al Berto, Pedro Paixão, Gabriel Garcia Marqués, Sigur Rós, Air, Lali Puna, Aphex Twin, Arto Lindsay, Alanis... não passo sem tomar banho, pentear-me e lavar os dentes de manhã. Sem a minha almofada querida. A minha cama fofinha. Não passo sem Beijinhos.


6_ Já estive em - Portugal (Continental e Açores), Espanha, Angola (em voluntariado). Já estive nos escuteiros. Estou numa tuna (adoro associações). Já fiz milhares de estágios. Já devo ter uma grande carteira de contactos (lol). Já estive desempregada e voltarei a estar (é um costume)... Já me apaixonei algumas vezes. Já fui magoada muitas vezes. Já chorei bastante.... já sofri bastante... mas nunca me canso.

Agora etiqueto:

Pancrásio Juvenal

Chiquinha

Poca

Novo

Raquel

Paulovsky


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A felicidade é o desejo de repetição!


Ainda ontem, enquanto tentava adormecer pus-me a olhar para a minha barriga. Vi que ela mexia ao ritmo dos meus batimentos cardíacos. Pensei que não somos mais que uma máquina. O nosso corpo move-se maquinalmente... até a paixão é como uma máquina. E quando a máquina deixa de trabalhar... como será olharmos para o nosso corpo inerte. Já não termos a nossa rotina diária que nos sufoca ao mesmo tempo que nos põe feliz.
No livro "A insustentável leveza do ser", do Kundera, a certa altura diz que a felicidade é o desejo de repetição. Nunca tiveram um momento, ao longo do dia, que vos faz feliz? E que durante o resto do dia estão felizes só por pensar que aquele momento se vai repetir. Eu ultimamente tenho sentido isso...