Enquanto um vento extraordinariamente azul me gelava a cara.
Enquanto tremia de frio e de medo naquela manhã terrivelmente cinzenta de tristeza.
Tudo me pareceu vazio. O frasco de iogurte com “bifidus activo” matinal, estava vazio. A sandes de queijo, a bolacha Maria sem açúcar da Proalimentar, o café sem açúcar, mas “um pouco de adoçante se faz favor” – estava tudo vazio, oco, sem nada… sem caminho, nem entulho. Sem futuro.
Olhei para o PC e pensei no vazio, e na tristeza que é olhar para um PC, sem pensar que é mentira. É virtual. Tão virtual que tenho de imprimir e-mails, assinar, “veracificar”, para depois arquivar, de modo a que fique tudo verdadeiro e verossível. Do jeito que “Deus quiser”. E o que é que ele quer de mim? Quer que chore? Que doa? Que morra?
Preferia que me fizesse feliz. Afinal, quem não quer qualquer coisinha que o faça feliz?
Felicidade = Amor?
O amor é daqueles sentimentos intransigentes, que se nos assoberbam as artérias e nos fazem cuspir estupidezes.
Isto disse eu, num acto de plena inspiração, a uma vinda da hora de almoço. Afinal de barriga cheia também se pensa. E vejam bem que era cheia de sopa misturada com uma sandes de delícias do mar e uma Cola Light. Com tanta alimentação e tanta proteína o cérebro poderia parar e pensar: “é pá, isto agora é só tratar dos hemócritos e plaquetas, para que transportem a respectiva proteína para o arquivo”.
[aparte – o arquivo é aquela camada superficial de ser que se consegue retirar com uns trocos numa casa de pessoas de plástico conceituada].
Há dias em que a solidão pesa mais que um saco de batatas. Há dias em que a tristeza pesa mais que um saco de azeitonas. Há dias em que o trabalho explode como tremoços e arranha a garganta como 5 kg de chocolate.
Há dias em que me apetecia entrar na não-existência.
Há dias em que não me apetecia acordar.
Para quê abrir os olhos se não há beleza a contemplar?
5 comentários:
Todos temos dias desses. Não estás sozinha nesse barco. Nesses dias só quero que me deixem em paz e falem só o essencial comigo. Depois passa.
bjs
Haver há, mas a beleza é um estado de espírito...
Sabes, eu acho que és uma pessoa muito querida por dentro, que está sempre insatisfeita com a vida e de certa forma goza o facto de ser um pouquinho infeliz... Estarás sempre à procura de mais e mais... porque simplesmente não consegues aceitar a vida como ela cai nas tuas mãos.. queres lutar e gostas disso. E isso faz de ti uma pessoa muito especial, com a garra que tens! Portanto.. de facto a beleza é um estado de espírito, concordo! Agora tens que ver que o teu espírito é inquieto e exigente!! Como dizia o outro «viver todos os dias cansa», uns mais que outros... Mas tudo passa...
Beijo grande
Não há beleza a contemplar ?
Se souberes "olhar" para ti verás toda a beleza que procuras :0)...
Fica em paz Bolacha...
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