quarta-feira, julho 25, 2007

Aljustrel Cultural

Tive um dia terrível de trabalho, é bem verdade. Já não venho cá há pacotes de massa… aceito. Vergo-me sobre a mesa e peço-vos «desculpem-me». No entanto, neste momento, enquanto a minha frase no msn continua «Eu despenteada mental e drama queen --- Ansiolíticos...PLEASE», há algo que ainda me fica na mente: «Ai Aljustrel, Aljustrel».

Pois é caro público, tive um fim-de-semana de fazer inveja a muitos gatos preguiçosos e outras cadelitas estrangeiras. Tive um fim-de-semana cultural como há poucos. E da mais sublime «culturalidade» a bem dizer… e isto devo a dois – claro, os homens dão-me volta à cabeça – artistas de primeira categoria – e às amigas de “cá de dentro”.

Dos rapazotes artistas, enquanto um dá os seus primeiros passos a solo ao nível musical, muito bem dados por sinal; o outro destaca-se como escultor (dos bons, entre nós).

O som vertiginoso do binómio «rejubilar/depressar»

De lembrar aquela noite fatídica – sim, em que me deitei às 06h30am –, em que vi ao vivo a estreia mundial de Pedro Azinheira e o seu Bubble Bath. Um som electrónico, original, com algumas influências de artistas mundiais, animou a noite que se previa repleta de Martinis de graça no "Pé de Kafé", e de Marlboros da Sophie.

O som fazia renascer os sentidos do corpo e lembrar os da mente. Houve momentos em que olhei para baixo e não vi chão. Enquanto houve outros em que me sentava na tristeza e olhava com fulgor o sol. O Pedro faz-nos sentir um misto de sensações (passo a redundância) desconexas. Quase paradoxais e sem sentido. “Tu és os Açores e as suas quatro Estações num só dia” – disse-lhe eu nessa noite. E sinceramente, não podia estar mais certa, ou ter encontrado melhores palavras. De uma calma de Sigur Rós, chega ao ímpeto de Dj Shadow passando um olhar sobre o comboio de Lali Puna. Óptimas influências. Digo eu – mas que percebo eu de música (contrabaixos e guitarras ainda vá, agora mais!!! LOL diria eu no msn).

Não consigo encontrar sinónimos para o «amo» o som Bubble Bath, ou para o contraditório «quero ouvir até me cansar». Pedrocas, não te esqueças de mim na próxima ok. Ah ah ah…

As formas de um mundo novo

O Ricardo Manso é uma outra surpresa. Não é que ao olhar para ele não consigamos discernir talento. Nada - o rapaz transborda talento pelos poros -, é que o Ricardo tem um olhar humilde e tímido. Qual não foi o meu espanto quando rebento pela exposição de escultura e desenho adentro: Pahhh!!!! O meu queixo a bater no chão. –“Rapaz, onde arranjaste o dom que eu vou já comprar três quilos?” – pensei. Não o disse. Eu também sou muito tímida (tusso com subtilidade).

O Ricardo não faz formas… reinventa-as. Transforma o real num sub-real subconsciente da própria realidade. Faz do comum uma figura que ele vê com a íris voltada ao contrário. Um olhar (de)compositor de planos. Um olhar que cria a consistência de um novo ser: a arte.

Eu também não entendo de arte. Tiro umas fotografias, e vou tendo umas aulas de desenho que me sufocam. No entanto, quando vejo talento arrepio e interesso-me. Fixo o olhar e não descolo, enquanto os pêlos do braço deixam a excitação de ver algo extremamente belo.

Para ele nem tive palavras. Acho que lhe disse: “Adorei o workshop e quero aulas tuas que eu pago. Além disto gosto desta peça!”. Eu nunca soube discernir a altura de dizer as coisas. Também sou muito tonta e atabalhuada.

No entanto, sou feliz!

Pedro, Ricardo, Mafa, Carla, Sophie e Ili, obrigada por me terem dado um fim-de-semana hilariante.

domingo, julho 01, 2007

Perdi-me... perdi-te...

Tentei encontrar aquele beco (sem saída) que me fez encontrar-te. Naquela rua sem passadeira para peões e sem estímulo sexual para cadelas com o cio.

Tentei perceber e compreender o porquê de encontrarmos certas pessoas e não encontrarmos outras.

Ninguém nunca pensou, no momento do casamento, do “happily ever after” – “ele só vai casar-se com ela porque a encontrou” – se não tivesse encontrado não casaria, de facto.

Existem milhares de almas espalhadas por esse mundo fora que teriam o coração aberto para me amar. Sei-o deveras. Mas nunca me encontraram. Vão esquecer-se de mim (de quem nunca se lembraram), e vão casar-se, descasar-se, enrolar-se com “alguéns”, que não eu, porque nunca se cruzaram comigo, naquele beco onde tu te cruzaste.

E porquê eu, e qual a razão de seres tu?
O universo escreve-se a giz cor-de-rosa. Receio ter de apagar qualquer coisa com “algodão que não engana”:
  • A minha vida contigo.
  • Os lençóis com o teu cheiro.
  • A minha almofada, que foi a tua, impregnada da tua saliva, que me levava à demência.

A minha própria loucura levou-me à loucura. O meu esquecimento levou-me à minha cor “de burro quando foge”, misturada de desalento.

Hoje, sento-me junto da tua memória, e afago-lhe os cabelos. Hoje desejo-te da mesma maneira como te apertei junto a mim naquele beco, e te beijei com tanto ardor, que até as pernas se me fraquejaram. Só tu sabias despontar o fogo interno que me consumia as vísceras.

Porque é que só tu, não podias encontrar-me naquele beco. Porque é que só tu vives onde não te posso tocar?