quinta-feira, dezembro 01, 2005

Pink Loving



E aqui vai mais uma banda de reconhecido mérito e pela qual me tenho vindo a apaixonar: Pink Poetry (Almeirim, Santarém).

São uns simples rapazinhos que adoram fazer simples ensaios ao vivo e descobrir simplesmente o que é que dali sai. E vejam só... não se saem nada mal. Melhor. São quase perfeitos.

Som | Electro-acústico-minimal

Sentimentos | Confusos, dispersos... sensação de saltar uma bola do peito.

Conclusão | Muito agradável para ouvir num bar. Perfeito para aquele domingo ao entardecer a comer um belo de um gelado e a sentir um misto de pena e amor próprio.

http://pinkpoetry.blogspot.com

quarta-feira, novembro 30, 2005

Ai Pandora!


Sem futuro...

Ou com algum...

Isto de se ter sido uma jornalista (não de sucesso) em tempos, dá-me uma vontade imensa de escrever...

Foi para isto que nasci. Penso. E... Bem, não consigo viver sem mostrar o meu cunho pessoal. Desenvolver-me. Recriar-me. Estar a trabalhar naquilo que se ama faz-nos crescer o ego. Sei disso mais que tudo. E mais que nada. Ou talvez o contrário.

E fazer desabrochar a alma, faz crescer por dentro.

Lembro-me que quando era mais pequena, já sabia ler e escrever mal cheguei ao meu primeiro Inverno de escola. Sempre escrevi composições maiores que as que era suposto. Realmente, nunca fiz o que era suposto... foi sempre o contrário.

Mais.

Quando andava no 5º a 6º ano, cheguei mesmo a ganhar concursos literários. Adorava policiais. E escrevia sobre diamantes escondidos em berços de bebés. Bons tempos...

Mais tarde tive a certeza de que o meu futuro seria o mundo do professor. Mais propriamente de Português e Inglês. Hein? Quem o diria?

Adiante...

O meu amor pela escrita ia crescendo. Quando concorri, foi directamente para comunicação social... e agora aqui estou. Já fiz o meu sonho...

É pá... pelo menos sonhei...

E para sonhar não há ninguém com mais experiência.

É pena que a dor continue por aqui. E que nada mais tenha mudado. E que não encontre sentido para aquilo que eu um dia serei.

Quem sabe, se daqui a uns vinte anos, não vou comer um magnum, à lareira contigo a cofiar-me o cabelo (algo que venero!)

Há que ter esperança - dir-me-ia a Cecília.

Boa noite e um queijo!

À procura!



Isto de andar desempregada tem muito que se lhe diga... Os nossos amigos (uns empregados, outros semi, e ainda outros - a grande parte - desempregados de todo) vão-nos dando conselhos de como superar esta dor de não se conseguir pagar as contas.

É dificil.

Mais.

Temos de desistir de muitas coisas que nos davam uma certa qualidade de vida.

Sim.

Porque não vale a pena, andar de um lado para o outro, a vegetar ou à procura de um trabalho, se não podemos viajar, almoçar ou jantar fora, fazer jantaradas com os amigos lá em casa, ir ao ginásio (tou mesmo a ver que vou desistir), ir passar a passagem de ano num lugar qualquer... bem ... tanta coisa...

Isto faz-me reflectir...

Será que é este o nosso propósito?

Existir. Só e apenas.

Questiono-me.

E vejo que esta conversa não me levou a lado nenhum... LOL...

Mas quem quer que seja que se tenha identificado: "raise your hand"!

quinta-feira, novembro 03, 2005

concelho | Absence



Absence pretende ser um espaço de extensão dos nossos medos, uma galeria das nossas perguntas e uma afirmação dos pormenores da nossa vida, igual em si a tantas outras que com sucesso se mantêm na esperança da felicidade. Activar estrategicamente aquilo que todos temos em comum, a insatisfação íntima de nunca podermos ser o que idealizámos para nós, e, mesmo assim, construir estradas, viadutos e túneis que atravessem as montanhas da realidade.

Produção
Proto – Associação Teatro Observatório

Apresentação
20 e 21 de Novembro, às 22 horas

Local
Lugar Comum

Reservas e Informações
Lugar Comum
Tel.: 21 438 74 60

terça-feira, novembro 01, 2005

Fast Forward

I’m going
Fast forward
Alone in the dark
There’s no one
around me
by my side
When you put your hands over your ears
You don’t hear me
When you cover your eyes
You don’t see me
It’s like I’ve never been here
And you’ve never known me
They’re leaving
I’m staying
inside me
It’s never been
so quiet
never so clean
When you put your hands over your ears
You don’t hear me
When you cover your eyes
You don’t see me
It’s like I’ve never been here
And you’ve never known me


Lali Puna

20 de Novembro, 2005, Coliseu, Lisboa Posted by Picasa

Apaixonada por Sigur Rós

Quem ouve... sente uma indiscritível sensação de liberdade. Não aquela liberdade que vem nos livros, que fala de direitos e deveres. Uma liberdade de paixões, liberdade de amor, de todas as coisas que nos amarram às amarguras e tristezas. Eu, pelo menos, sinto uma vontade imensa de vomitar cá para fora tudo o que de bom e mau me passa pelas entranhas. As vísceras enchem-se de vontade de criar só mais um sorriso, acompanhado de um copo de vinho do Porto quente, que escorrega pela garganta. Suave, mas ao mesmo tempo ácido. Queima.

A grande parte dos álbuns que Sigur que tenho, nem têm títulos, nem nomes de músicas. Às vezes nem isso é preciso. É só preciso sentir. E sente-se bastante. Até parece inacreditável, como uma música, da qual eu nem percebo nada, me toca tanto. No fundo da alma. Da minha energia. Do meu poder. Deixa-me de rastos.

Ainda me lembro quando me enfiava no meu quarto a ouvir o aegatis (deste eu sei o nome), a sentir pena de mim mesma e a lembrar-me da minha liberdade infantil, quando tudo era enorme e desconhecido. Quando olhava para a mais pequena coisa e apenas isso me fascinava. Quando mergulhava no paraíso de se ser feliz e só contava comigo. E com mais uns cerca de 300 caracóis que eu aperfilhava para fazer corridas, na varanda de uma casa que já nem é minha. Que hoje se esconde por entre as silvas.

Será que a minha energia ficou marcada naquelas paredes? Será que é possivel ser-se tão simplesmente feliz, como eu fui. Rodeada de cães e gatos.

Até me recordo de um que só vinha a casa de quinze em quinze dias, para se alimentar. Era preto e branco e tinha a ponta do rabo branca. Uma coisa bonita de se ver, pois então. Devia ser o engatatão lá da zona. Vinha sempre magro. Esquelético mesmo. Comia. Dormia. (Coisas que nenhum gato faz - risos) E depois de restabelecido voltava à vida mundana. Chegou um dia em que ele nunca mais apareceu. Fiquei sempre a pensar que foi porque encontrou a gata da vida dele. Mas ao que parece não foi bem isso.

É destas coisas que me lembro. Estórias recortadas aqui e ali, que me fazem reviver. Nascer de novo. Algumas fazem-me mesmo chorar. Mas o que é que isso interessa? Desde que continue a viver? A amar? E a sentir só mais um pouco desta fragilidade de ser Cátia (esse nome mais estúpido).

Fragilidade. É isso mesmo que Sigur me faz sentir. A mulher frágil com mais coragem do mundo.

"ég gaf ykkur von sem varð að vonbrigðum.. þetta er ágætis byrjun""i gave you hope that became a disappointment.. this is an alright start"




hún jörð (mother earth)

móðir vor sem ert á jörðu
heilagt veri nafn þitt
komi ríki þitt
og veri vilji þinn framkvæmdur í oss
eins og hann er í þér
eins og þú sendir hvern dag þína engla
sendu þá einnig til oss
fyrirgefið oss vorar syndir
eins og vér bætum fyrir allar syndir gagnvart þér
og leið oss eigi til sjúkleika
heldur fær oss frá öllu illu
því þín er jörðin
líkaminn
og heilsan
amen


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domingo, julho 31, 2005

ACABOU!!!





Agora que o curso termina. Sinto umas saudades miseráveis das aulas.
Realmente, quando se começa a trabalhar, parece que se sente uma nostalgia de algo que nunca mais vai acontecer: aulas. Na verdade, não me posso esquecer que andei na escola toda uma vida. Dezasseis anos dos meus pobres 22.

E agora? O que posso esperar?
Será que é assim que se passa com todos?
Elucidem-me...

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domingo, junho 19, 2005

Eugénio de Andrade II




Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.


Eugénio de Andrade





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Eugénio de Andrade I





Eugénio de Andrade | 1923 - 2005

Eugénio de Andrade é um dos mais lidos e traduzidos dos poetas portugueses vivos. Após algumas tentativas juvenis que mais tarde repudiou, impôs-se definitivamente no panorama da actual poesia portuguesa com "As Mãos e os Frutos" (1948). Contemporâneo dos movimentos neo-realista e surrealista, quase não acusa influência de quaisquer escolas literárias, propondo uma poesia elementar, cuja musicalidade só encontra precedentes na nossa lírica medieval, ou num poeta como Camilo Pessanha, que Eugénio de Andrade assume - a par de Cesário Verde - como um dos seus mestres.

Se muitos poetas portugueses da nossa época são marcados pelo desencanto, "Eugénio de Andrade vai buscar ao paraíso da infância, à intimidade com a terra, à pura felicidade de se ter um corpo a fulgurante alegria de alguns momentos privilegiados". Esta poesia à qual se tem chamado solar vai acusando, todavia, o peso do tempo, especialmente desde "Rente ao Dizer" (1992) até a "O Sal da Língua" (1995).

Os 50 anos da sua vida literária de Eugénio de Andrade foram assinalados no Porto com um colóquio internacional sobre a sua obra, cujas actas estão agora disponíveis no primeiro número dos "Cadernos de Serrúbia", editados pela sua Fundação, a Fundação Eugénio de Andrade.



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Álvaro Cunhal II





Álvaro Barreirinhas Cunhal, filho de Avelino Cunhal e Mercedes Cunhal, nasceu na freguesia da Sé Nova em Coimbra, no dia 10 de Novembro de 1913.

Álvaro Cunhal teve dois irmãos mais velhos, António José, que morreu em 1933, com vinte e dois anos, vítima de tuberculose, e Maria Mansuenta, que morreu em Seia, em 1921, com apenas nove anos, também vítima de tuberculose.

A sua infância foi vivida em Seia, terra de seu pai.

Com onze anos de idade muda-se com a família para Lisboa, onde faz os seus estudos secundários no Pedro Nunes e mais tarde no liceu Camões.


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Alvaro Cunhal I


Adeus... 1913|2005 Posted by Hello

Poemário




A ti


Mãos molhadas da chuva seca,
De tanto respirar a loucura do sol,
A brandura, a secura do olhar!
Que sente... o mar, a respirar,
Profundamente...

A folha que do céu caiu,
De um outro madrigal...Cor infernal
Saiu, fugiu, das mãos ainda molhadas,
Dos sonhos fingidos, dos lábios sequiosos,
De sangue...

A tua ternura, o teu toque, o cheiro,
Permeio da luz inquieta, desgastante.
O teu corpo cansado, o prazer, de te ter...
E correr, sofrer, só por te esperar.
E amar?...

Por vezes nem sempre queres voar...
As asas da paixão são arquivos de amor e
É preciso lutar para criar fogo, ardor.
É preciso ser a borboleta das ilusões...
É preciso desfazer amarras, criar emoções.
Cantar canções, voar em balões, embalar-te
Na vida, sem saber o que virá a seguir...

O tempo perde-se na leitura das nuvens,
As pernas cansadas procuram o trigo
Que floresce todos os dias num sorriso, que é teu,
Que é teu beijo, tua vida...
Mas tu, tu és meu...


Cátia Biscaia

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Manif Xenófoba | 18junho2005




Bandeiras de Portugal e do Partido Nacional Renovador (PNR), símbolos da Frente Nacional, cabeças rapadas e cartazes apelando ao repatriamento dos imigrantes e ao orgulho nacionalista, saudações nazis e o hino nacional, várias vezes repetidos, marcaram a manifestação de extrema-direita que ontem à tarde se realizou entre a Praça do Martim Moniz e o Rossio.

Com cerca de 300 pessoas, segundo a polícia, e quase mil nas contas do PNR, esta foi, em qualquer dos casos, a maior concentração pública de sempre deste tipo no País. Já na Praça do Rossio, esteve a um passo de degenerar no confronto físico, quando populares gritaram palavras de ordem como "fascistas" e "25 de Abril sempre". A tensão começava a subir, com gritos desencontrados de ambos os lados, e só a actuação do Corpo de Intervenção da PSP e polícias com cães o impediram. Distúrbios houve apenas poucos minutos depois, já na Rua do Carmo. O Corpo de Intervenção actuou para proteger dois indivíduos perseguidos por alguns manifestantes e acabou por agredir um repórter fotográfico, quando dispersava as pessoas que tinham acorrido ao local.

Contradição. Grupos de jovens, alguns apoiantes envergonhados e outros tantos curiosos começaram a concentrar-se no Martim Moniz às 13.30, antes da hora marcada para o início do protesto. Cabeças-rapadas ostentando bandeiras portuguesas e cruzes suásticas tatuadas nos braços começavam já, por essa altura, a estender no chão as primeiras faixas que davam o mote à manifestação "Isto é nosso", "Não existem direitos iguais quando és um alvo por seres branco" e "Imigrantes igual a crime". Palavras de ordem em evidente contradição com as declarações dos dirigentes do PNR, da Causa Identitária e da própria Frente Nacional, presentes na manifestação, que recusaram ser conotados com atitudes racistas e xenófobas.

"Não somos racistas, como andam aí a dizer, mas não aceitamos que haja ruas de Lisboa onde os portugueses não podem estar em segurança porque estão nas mãos de mafias e de traficantes", afirmava José Pinto Coelho, dirigente do PNR. Garantindo que a manifestação não era convocada pelo seu partido, este designer gráfico, de 44 anos, dava no entanto a cara pe- lo protesto. "Estamos aqui para apoiar esta manifestação da Frente Nacional, da qual estamos próximos", explicava Pinto Coelho. E sublinhava ainda "Temos que reagir à criminalidade. Esta é uma manifestação pacífica e é só o começo. É natural que façamos mais manifestações destas no futuro."

Mário Machado, da Frente Nacional, e um dos organizadores da marcha, foi mais longe. Sem meias palavras, mas recusando a classificação de racista, garantia "Imigração e criminalidade andam quase sempre de mãos dadas e não temos de ter medo de chamar as coisas pelos nomes". Para este dirigente, que reclama o orgulho de ser branco, a solução é só uma. "O Governo tem de expatriar os imigrantes. A nacionalidade herda-se, não se compra." Quanto à criminalidade, o seu movimento "espera que o governo passe a considerar imputáveis os menores a partir dos 12 anos, porque há miúdos dessa idade que andam aí a roubar".

Antes de iniciarem a curta marcha até ao Rossio, os manifestantes - "não só skinheads, deve haver apenas 30 ou 40 no meio de 300 pessoas", dizia Mário Machado - fizeram um minuto de silêncio "pelos portugueses mortos na África do Sul e pelos portugueses que sofrem na linha de Sintra e que têm medo de sair de casa".

Faltavam poucos minutos para as 15.00 quando os manifestantes saíram do Martim Moniz, acompanhados de perto pela polícia.

Aos gritos de "Portugal", empunhando cartazes com as palavras de ordem "Imigração igual a colonização" e "Sampaio na Cova da Moura, portugueses no Martim Moniz" e fazendo a espaços saudações de braço estendido, os manifestantes, homens jovens na maioria, percorreram em poucos minutos a distância entre as duas praças. Foi já no Rossio, onde alguns populares os apelidaram de "fascistas" e gritaram "25 de Abril sempre" que os ânimos começaram a aquecer. Um indivíduo cabo-verdiano chegou a envolver-se numa discussão acesa com alguns manifestantes e só a pronta intervenção policial, que formou uma barreira entre opositores, evitou confrontos.

Questionado sobre o gesto de braço estendido feito várias vezes pelos manifestantes, Pinto Coelho recusou que isso fosse uma saudação nazi. "É uma saudação nacionalista, da Mocidade Portuguesa". Reconheceu, porém, "incómodo" pela situação, porque "vai ser aproveitada pela comunicação social".

No final, o comandante Oliveira Pereira, do Comando Metropolitano da PSP, estava satisfeito. "Correu genericamente bem, não fizemos detenções", afirmou. Sobre a agressão ao repórter fotográfico, desvalorizou-a, justificando a situação pela necessidade de actuação da polícia no momento.

Uma cortesia Diário de Notícias

O que há a dizer sobre isto? Em que País vivemos? Até parece que não existem portugueses espalhados pelo mundo... realmente somos um País de atrasados... de pessoas egoístas e sem escrúpulos... para onde foi a bondade humana... talvez esteja na sanita.



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domingo, junho 12, 2005

lisboaphoto | A Medicina Legal e o grau zero do realismo fotográfico





"Esta exposiçãoo contém imagens susceptíveis de impressionar o espectador", diz o aviso colocado à entrada das duas salas do Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa onde se exibe Corpo Diferenciado. Uma exposição com imagens do acervo do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML), que revela o modo como a fotografia foi usada em Portugal, de 1910 a 1947, para constituição de prova judicial ou registo científico de patologias.

"É uma exposição sobre o grau zero do realismo fotográfico, a fotografia ao serviço da reprodução meramente utilitária, sem qualquer pretensão estética", explica Sérgio Mah, comissário-geral da LisboaPhoto, justificando assim a inclusão na bienal destas imagens cruas, bizarras e, até, chocantes (como as de autópsias ou malformações), que integram a colecção da delegação de Lisboa do INML.

As provas de época e impressões por contacto (de negativos de vidro) são o resultado da primeira fase do projecto de investigação e conservação do espólio que o Arquivo Fotogr�fico está a desenvolver, e que inclui registos bem mais violentos do que estes patentes ao público até 20 de Agosto.

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quinta-feira, junho 02, 2005

Défice nacional

Nem tudo vai mal nesta nossa República
(Pelo menos para alguns)

Com as eleições legislativas de 20/Fevereiro, metade dos 230
deputados não
foram eleitos. Os que saíram regressaram às suas anteriores
actividades.
Sem, contudo saírem tristes ou cabisbaixos. Quando terminam as
funções, os
deputados e governantes têm o direito, por Lei (deles) a um subsídio
que
dizem de reintegração:

- um mês de salário (3.449 euros) por cada seis meses de Assembleia
ou
governo.

Desta maneira um deputado que o tenha sido durante um ano recebe dois
salários (6.898 euros). Se o tiver sido durante 10 anos, recebe vinte

salários (68.980 euros). Feitas as contas e os deputados que saíram o

Erário Público desembolsou mais de 2.500.000 euros.

No entanto, há ainda aqueles que têm direito a subvenções vitalícias
ou
pensões de reforma (mesmo que não tenham 60 anos). Estas são
atribuídas
aos titulares de cargos políticos com mais de 12 anos.

Entre os ilustres reformados do Parlamento encontramos figuras como:

- Almeida Santos ......................... 4.400, euros;
- Medeiros Ferreira ....................... 2.800, euros;
- Manuela Aguiar ......................... 2.800, euros;
- Pedro Roseta .............................. 2.800, euros;
- Helena Roseta ............................ 2.800, euros;
- Narana Coissoró ......................... 2.800, euros;
- Álvaro Barreto ............................. 3.500, euros;
-Vieira de Castro ........................... 2.800, euros;
- Leonor Beleza ............................ 2.200, euros;
- Isabel Castro .............................. 2.200, euros;
- José Leitão ................................ 2.400, euros;
- Artur Penedos ............................ 1.800, euros;
- Bagão Félix ............................... 1.800, euros.

Quanto aos ilustres reintegrados, encontramos os seguintes:
- Luís Filipe Pereira ............... 26.890, euros / 9 anos de
serviço;
- Sónia Fortuzinhos .................. 62.000, euros / 9 anos e meio
de
serviço;
- Maria Santos .......................... 62.000, euros /9 anos de
Serviço;


- Paulo Pedroso ....................... 48.000, euros /7 anos e
meio de
serviço;
- David Justino ......................... 38.000, euros /5 anos e
meio de
serviço;
- Ana Benavente ...................... 62.000, euros/9 anos de
serviço;
- Mª Carmo Romão ................... 62.000, euros /9 anos de
serviço;
- Luís Nobre Guedes ............... 62.000, euros/ 9 anos e meio de

serviço.

A maioria dos outros deputados que não regressaram estiveram lá
somente a
última legislatura, isto é, 3 anos, o suficiente para terem recebido
cerca
de 20.000, euros cada.

É assim a nossa República (das bananas) !!!!!!!!!!!!!

É ESTA A CLASSE POLÍTICA QUE TEM A LATA DE PEDIR SACRIFICIOS AOS
PORTUGUESES PARA DEBELAR A CRISE...

domingo, maio 08, 2005

O futuro


"Somos do tamanho dos nossos sonhos". Fernando Pessoa Posted by Hello

Conselhos do Lugar Comum


Eis alguns dos conselhos do Lugar Comum, Centro de Experimentação do Clube de Artes e Ideias, para o mês de Maio. Vale a Pena...

REFLEXUS V1.1 BETA
Frederico Pereira
Anabela Teixeira

Apresentação de uma performance multimédia assente no tema dos reflexos, resultante da articulação das linguagens habituais dos dois artistas envolvidos.

Em Residência
no Lugar Comum
De 7 de Março
a 06 de Maio

Apresentação
07 de Maio às 21.30h
Entrada Livre

Workshop de Land Art
Teresa Rutkowski

Descrição: exercícios de introdução à temática da Land Art direccionados para a percepção subjectiva da paisagem local e do terreno disponível em termos sensoriais e físico-naturais.
Local: Fábrica da Pólvora de Barcarena
Lugar Comum
Tel.: 21.438.74.60
Dias 21 e 22 de Maio

Público alvo:
Dia 21 - estudantes e artistas com interesse na área
(a partir dos 16 anos)
Dia 22 - público em geral a partir dos 14 anos

Preço: 50€ / participante
(45€ sócios CPAI)

Aluga-se e Vende-se para escritórios

Pretende-se que o lugar público seja útil, que responda de um modo eficaz às necessidades de uma determinada colectividade.
Entre essa rotina funcional estabelecem-se momentos de suspensão, períodos em que essa actividade cessa por momentos.
"Aluga-se e Vende-se para escritórios" apresenta um conjunto de
espaços de trabalho que partilham dessa condição indefinida,
onde a disponibilidade se mistura com as marcas dos anteriores ocupantes. Apresentado através de uma série de fotografias legendadas, este trabalho questiona também a circunstância temporária do espaço expositivo onde se instala, aproximando por momentos a hipótese de que aquele espaço se encontra numa situação transitória.

Inauguração
23 Abril às 17h

De 24 de Abril a 15 de Maio
Segunda a Domingo
das 14 às 17h

Entrada livre

Central Diesel
Rui Coelho
Instalação sonora na central eléctrica da Fábrica da Pólvora de Barcarena que pretende recriar o ambiente sonoro de quando esta se encontrava em actividade

Inauguração
Dia 18 de Maio
18 horas
Aberto só aos fins de semana
21 e 22 de Maio
28 e 29 de Maio
4 e 5 de Junho
11 e 12 de Junho
Entre as 14 e as 18h

Show K

Concurso aberto para projectos artísticos transdisciplinares
desenvolvidos por artistas residentes no concelho de Oeiras,
para sua posterior apresentação no espaço do Lugar Comum.

Informações e inscrições
Lugar Comum
Tel.: 21.438.74.60
lugarcomum@lugarcomum.com


Galeria Online

Espaço criado na página web do Lugar Comum para divulgação de
projectos artísticos concebidos para este suporte.
Informações
Lugar Comum
Tel.: 21.438.74.60
lugarcomum@lugarcomum.com
Posted by Hello

terça-feira, abril 05, 2005

Agenda Cultural

Já que ninguém lê, ninguém responde, ninguém diz nada... só me chateiam pelas newsletters, aqui vai uma pequena agendade Abril, de acontecimentos em Leiria que considero de suma importância:

De 2 a 30 de Abril, (21h30), Festival de Teatro de Leiria, Teatro Miguel Franco, 5 euros
5, A Hora do Gato (Maria Henrique e Heitor Lourenço)
9, Pela Boca morre o Peixe (Teatro Limpo Teatro Acert)
10, O Azul do Zé (Teatro Alternativo, Infantil - maiores de 6)
15, Burlesco (Teatro da Rainha)
24, Procurador de Amigos (Teatro das Beiras - Infantil - maiores de 6)
30, Perdida nos Apalaches (Teatro das Beiras)
6, Teatro Miguel Franco, (21h30), O Mercador de Veneza
Sábado, 9, Workshop de Ilustração, na Livraria Arquivo, com Carla Pott (inscrição prévia)
Domingo, 10, Concerto com o Pe. João Paulo Vaz, no tetro José Lúcio da Silva, (15h), Organização: Grupo missionário Ondjoyetu
De 11 a 13, Teatro Miguel Franco (21h30/18h30), Mar Adentro
Sábado, 16, Workshop de Origami, na Livraria Arquivo
Quarta, 20, (21h30), Tertúlia: 25 de Abril - 30 anos de Democracia, com Maria Manuela Cruzeiro e Ramalho Eanes, na Livraria Arquivo
Sábado, 23, Dia Mundial do Livro
Quinta, 21, Sexta, 22, Sábado 23, II Ciclo de Cinema na Arquivo - Cinema Falado em Castelhano
26, Teatro Miguel Franco, (21h30), Ps-Amo-te
29, o meu aniversário (não esquecer da prenda)

domingo, abril 03, 2005


Visitem este site. Digam-me se o caminho da ilustração virtual, acompanhada por animações em flash não se está a tornar uma forma de arte. Posted by Hello

terça-feira, março 29, 2005

A dor

Decidi que este mês vou falar de amor...
É a Primavera que impele os nossos corpos e as nossas bocas a pronunciar repetidamente esta palavra.
Para começar que tal: A DOR DA SEPARAÇÃO!
No amor tanto se ganha, como se perde (para quem o vê como um jogo). Para mim é mais que isso (até porque se fosse um jogo, eu perdia sempre, e parece que agora ganhei). É sentir que tenho o poder nas minhas mãos. Sinto mesmo a energia. E quando perco... bem, o que hei-de fazer com as mãos, se já não aguento olhá-las sem luz? O que se faz com um coração despedaçado de lágrimas, que teimam em não medrar, em não sentir... e sufoco... sufoco na dor de pronunciar aquela palavra que me vem repetidamente à boca: o teu nome, a tua despedida, o teu adeus para sempre. Porque no amor, nunca se sabe o que é para sempre. Tanto as despedidas como as chegadas... Como saber? Foge... a porta da rua é a serventia da casa.
Deixo-te com um texto de Pedro Paixão. Delicia-te.
Fuga
O branco da parede ocupava todo o espaço dos meus olhos, o meu corpo era um resto enrolado numa camisa, e dentro de mim havia uma dor que prometia ir-se logo que outra maior a viesse substituir. Eu esperava que ela acabasse de tomar duche e viesse ter comigo.

Mas não veio ter comigo. Vestiu-se num instante e saiu de casa como se fosse a fugir. Abri a porta da entrada e ainda a vi de costas a dobrar o corredor ao fundo, e disse o seu nome já sem forças, que não deve ter ouvido, e depois fechei a porta como se fosse de mim que me estivesse a despedir.

A angústia vinha como ondas e, nos intervalos, largava-me numa paz logo desfeita para depois recomeçar mais poderosa. Deitei-me sobre a cama ainda quente onde tínhamos dormido e quis-me contar desde o princípio a nossa história. Para saber como tinha sido, onde estávamos, o que viria. Para encontrar um sentido, uma garantia, qualquer coisa. Nem consegui começar.

Deitado, de costas viradas para mim, comecei a chorar. Pedi-lhe que parasse com aquilo, que voltasse, que me dissesse o que era. Ninguém ouvia. Continuei a chorar.
Lembrava-me só de uma frase que voltava sem que a quisesse lembrar. “És a pior coisa que me podia ter acontecido.”

in Pedro Paixão, Nos Teus Braços Morreríamos, Lisboa: Edições Cotovia, 2000

sábado, março 26, 2005


Shakespeare foi realmente um homem fora do seu tempo. Um sábio fora dos parâmetros da sociedade onde cresceu.... um sonhador, aventureiro e louco... Relembra-o: "ááDepois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a

mão e acorrentar uma alma. Aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começas a aprender que beijos não são contratos, presentes não são promessas. E não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-te de vez em quando e precisas perdoá-la por isso. Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais. Descobres que se leva anos a construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás para o resto da vida.


Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que tu tens na vida, mas quem tens na vida.


Descobres que as pessoas com quem mais te importas na vida, são tiradas de ti muito depressa; por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vemos.


Aprendes que paciência requer muita prática. Aprendes que quando estás com raiva tens o direito a estar com raiva, mas isso não dá o direito de seres cruel. Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém. Algumas vezes, tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo.


Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, tu serás, em algum momento, condenado. Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que o consertes. E, finalmente, aprendes que o tempo, não é algo que volta para trás. PORTANTO, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperares que alguém te traga flores. E percebes que realmente podes suportar... que realmente és forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor, e que tu tens valor diante da Vida!


E só nos faz perder o bem que poderíamos conquistar... o medo de tentar!"

William Shakespeare
 Posted by Hello

domingo, março 20, 2005

Como conseguiste sobreviver?

Por vezes vemos nos nossos e-mails aquelas mensagens reencaminhadas, que nem lemos. São demasiado banais. Mensagens que nos ligam áquelas pessoas que já nem falamos à séculos.... e que depois dizemos: "é pá... há bué que nã dizes nada, meu!", e eles respondem que mandaram uma mensagem... yeah right...
Mas esta foi diferente.
E simplesmente, gostava que comentasses... sim, tu que viveste a tua infância na década de 60, 70 ou 80... eu incluo-me... e bebo estas palavras como se fossem minhas....
" Os carros não tinham cinto de segurança, nem apoio de cabeça nem seguramente airbags No banco de tràs era a festa, era"divertido" e não era "perigoso".
As barras das camas e os brinquedos eram multicolores ou pelo menos envernizadas e com tintas contendo chumbo ou outros produtos tóxicos.
Não havia protecção infantil nas tomadas eléctricas, portas das viaturas, medicamentos e outros produtos químicos de limpeza Podia-se andar de bicicleta sem capacete.
Bebia-se água da mangueira de rega , num chafariz ou não importa qualquer outro sitio, sem que fosse água mineral saida de uma garrafa estéril ...
Fazíamos carros com caixas de sabão e aqueles que tinham a sorte de ter uma rua asfaltada inclinada junto de casa podiam tentar bater records de velocidade e aperceberem-se, tarde demais, que os travões tinham sido esquecidos...
Após alguns acidentes, o problema era normalmente resolvido! Tínhamos o direito a brincar na rua com uma unica condição estar de volta antes de anoitecer . E não havia GSM e ninguém sabia onde estavamos nem o que fazíamos... Incrível!
A escola fechava ao meio-dia para almoço, podiamos ir comer a casa . Arranjávamos feridas, fracturas e às vezes até partíamos os dentes , mas ninguém era levado a tribunal por isso. Mesmo quando havia grande bagunça, ninguém era culpado excepto nos mesmos .
Podíamos engulir toneladas de doces , torradas com toneladas de manteiga e beber bebidas com Açúcar de verdade , mas ninguém tinha excesso de peso, porque estavamos sempre na rua. Podiamos partilhar uma limonada com a mesma garrafa sem receio de contágio . Não tinhamos Playstation, Nintendo 64, X-Box, jogos video, 99 programas de TV por cabo ou satelite , nem video, nem Dolby surround , nem GSM , nem computador , nem chat na internet , mas nos tinhamos.... amigos !
Podiamos sair, a pé ou de bicicleta para ir a casa de um colega, mesmo se ele morasse a varios km , bater à porta ou simplemente entrar em casa dele e sair para brincarmos juntos . Na rua, sim na rua no mundo cruel! Sem vigilância! Como é que isso era possível?
Jogavamos futebol só com uma baliza e se um de nos não era seleccionado uma vez, não havia traumas psicológicos, nem era o fim do mundo! Por vezes um aluno talvez um pouco menos bom que os outros tinha que repetir.
Ninguém era enviado ao psicólogo ou ao pedopsiquiatra. Ninguém era dislexico, hiperactivo nem tinha " problemas de concentração". O ano era repetido e pronto cada um tinha as mesmas oportunidades que os outros.
Nós tínhamos liberdades, erros, sucessos, deveres e tarefas ... e aprendiamos a viver e a conviver com tudo isso. A pergunta é então: mas como conseguimos sobreviver ? Como pudemos desenvolver a nossa personalidade ?
Será que tu também és desta geração? Se sim, envia este email aos teus contemporâneos, mas também aos teus filhos, sobrinhos e sobrinhas, etc. para que eles vejam como era ,naquele tempo ! Eles vão achar que a nossa época era aborrecida .... ah, mas como eramos felizes !"
Pois éramos....

domingo, março 06, 2005


Comentem o olhar. A palavra e o verbo. Um olhar pode desvendar todos os mistérios. Pode captar todas as atenções. Pode acabar com as tristezas. Um olhar com lágrima tanto pode dizer mil palavras como pode tentar não dizer nada. O amor que nos faz cair no abismo. O olhar do corpo lavado das lágrimas que se prendem na solidão do ser. E os teus cabelos presos na sombra, que olho sem querer olhar. Fecho os olhos para esquecer que existo, talvez... mas não me esqueço de ti. Porque és a minha razão, o meu olhar sobre o mundo, que me prende à terra e me faz sonhar. Pego no meu livro favorito e lembro-me que já o li perto de ti. Até porque: "Há livros que falam e dizem o que têm a dizer; há livros que falam e sugerem o que querem dizer; há outros, finalmente, que mergulham o leitor em universos que, muito provavelmente, nem sequer pensaram". E deixo-me adormecer na loucura de querer estar ao teu lado, observando, também eu o teu olhar. A tua bolachinha Posted by Hello

A revolução no design... Comentem! Por favor... gostava de saber o que é que vocês pensam caminho de evolução do design (tanto grafico como de equipamento). Posted by Hello

domingo, fevereiro 20, 2005

Sobre o amargo do mel

Aqui vai mais um de um concurso, que nunca ganhei... deixo o cheirinho... nem que seja a tarte de maçã...

A lua brilhava no céu. Não brilhava vulgarmente, normalmente imperceptível e etérea. Naquele dia algo estava errado. Não sei se o que estava errado era o que deveria estar certo, nem ele, nem o outro, nem a rapariga o sabiam. Eu era o outro. Pode ser que me chame o outro porque nunca me identifiquei com nada nem com ninguém. Talvez me devesse identificar comigo mesmo ou com a minha circunstância. Ora, eu não me encontrei, e sempre pensei que circunstância era um bar jet da minha terra. Por mim naquele dia, passou-me num vasto e rápido momento, toda a fúria, todo o horror, todo o asco que a humanidade e tudo o que a rodeava representava para mim. Não sabia ao certo se tinha razão, nunca soube se tinha razão ou não. Realmente, quando as coisas não corriam do mesmo modo que eu imaginava que correriam, eu sentia uma raiva imensa...
A lua continuava lá, não brilhava vulgarmente normalmente imperceptível e etérea. Estava lá no alto, cheia iluminava tudo o que a rodeava. As pedras estavam mais vivas... Do meu lado direito, as ervas daninhas que ilegalmente medravam, abanavam-se com o bafo quente de Inverno do vento. Todas as laranjas estavam iluminadas também, mas só as laranjas, porque as folhas verdes estavam baças demais para se refletirem contra a escrupulosa luz que desvendava, que eu, ele, e a rapariga nos tínhamos matado, no momento em que, embevecidos com a luz, apanhamos um punhado de terra do chão e engolimos como se fosse néctar de maçã. Ao lembrar-me bebi um gole do sumo das laranjas brilhantes num copo de estrelas. Naquele céu, não havia estrelas, só lua e umas nuvens que anunciavam chuva para o dia seguinte. Sumo de maçã nunca foi o meu preferido. Gostava mais do de laranja. Porém, costumava comprar de morango para não o partilhar com ninguém. Só com os meus comigos que não têm forma, mas sei que são muitos, sei que não sou só eu aqui. Sei que o meu eu se divide em mais uns poucos. O Eu espontâneo e sorridente. O Eu calmo e apaixonado. O Eu com raiva por tudo. O Eu excêntrico e vaidoso. O Eu sensível demasiado sensível...
Poderia dar nomes a todos eles. Ao Eu espontâneo e sorridente, dar-lhe-ia o nome de Sofia. Ao Eu calmo e apaixonado, talvez Mariana, transmite leveza, calma e soa tão bem aos lábios certo? Ao Eu com raiva por tudo, chamar-lhe-ia Katya: é seco, feroz, sedento, rápido, ríspido, mas ao mesmo tempo sensual. Ao Eu excêntrico e vaidoso talvez pudesse ser Matilde, é um nome calmo e nobre que lembra mulheres na casa dos trinta, ah!, E também vaidade, sim? E finalmente ao Eu sensível, demasiado sensível, chamar-lhe-ia Mel, apenas, doce e sensível. Mas ao mesmo tempo misterioso o suficiente, para não poder passar o risco e tornar-se meu Eu com raiva. Ou seja, oh Meu Deus!, eu sou vários, sou cinco em um. Nem sou como os champôs, que são dois em um. Sou o outro, o diferente, o que se encerra em si mesmo, aquele que não fala com ninguém sobre o mais íntimo de si. Aquele que todos pensam que conhecem, mas que ninguém conhece. Aquele que tem de se dividir para ser compreendido. Aquele que todos pensam que é louco quando muda inconscientemente de personagem. Aquele que...
No dia em que ele me conheceu eu era Mariana. Fui-o durante muito tempo. Mas houve dias em que me transformei em Katya e ele disse que não me aguentava. Um dia fui Sofia, ele achou-me infantil... Nunca ninguém me amou por inteiro. Porque para me amar a mim é preciso amar um punhado de gente que ninguém quer aguentar. Assim sou sozinha. Vivo na solidão. Como um porco vive num lamaçal: é nojento ninguém quereria, porém quem vive nele, não quer outra coisa e acha-o um paraíso...
Naquele dia a Mariana matou-se com ele e com a rapariga. E estava rouca de gritar que me doía. Estava rouca de dizer que não era aquilo que eu queria para mim. Assim fugi...
Raiva, raiva, fúria, fúria. Raiva, grito... Ahhhhh. Raiva. Apetece-me agarrar tudo com força, mandar o telemóvel contra a parede, apetece-me matar, rasgar as folhas do Passado, deixar tudo espalhado, dar chutos no cimento... Quando fico assim saio e vou dançar. A Matilde fechou a porta do apartamento e foi dançar.
Ao andar, o único som da rua era o seu próprio som. O som dos saltos a baterem no chão, nas paredes, a voltar atrás. Uma refracção inconsciente, estimulante... E ela começou a correr. A raiva materializa-se entre os pulmões, parece que se sente uma esfera de dez centímetros de diâmetro, aí dentro e só apetece arrancá-la cá para fora.

- Hey, por aqui?
- Precisava de sair.
- Então anda!

Um grupo de homens e mulheres atravessavam as ruas escuras, subalternas, inconscientes, ébrias, frias da Noite, com sorrisos. Porém ainda havia a raiva.
A Matilde entrou, e começou a dançar. A música entra pelas pontas dos dedos e apodera-se do corpo. Um rapaz aproxima-se. Matilde afasta-se. Vai à casa de banho, que tem um fila que ultrapassa a porta de saída. De repente transforma-se em Katya. Vê-se ao espelho: estou cansada, tenho três rugas nos cantos dos olhos, tenho um amor pendente dentro de mim, estou mais magra, nasceu-me uma borbulha...
Katya sai da casa de banho e pede uma bebida. Observo toda a gente. A maior parte está bêbada, movem-se. Não compreendo. Não faz sentido. Dançar. Para quê?

" Talvez para sentir? "
- Não Mel, não precisamos de sentir para viver, precisamos é de sonhar.
" Temos Futuro? "
- Não. Nunca teremos Futuro, só Presente. O Presente é que toma as nossas rédeas, que estão soltas no momento em que sonhamos. Quando nos puxam as rédeas caímos na realidade. E a queda é seca.

Saí da discoteca. Há dias em que simplesmente não nos apetece estar em lado nenhum. Eu, bem eu não me apetecia estar em lado nenhum. Então... A lua brilhava no céu. Não brilhava vulgarmente, normalmente imperceptível e etérea...


(Puxo os lençóis da cama.)


Tento esquecer que quase me matei. Onde estou?

Amo-te amor

Aqui vai um início de uma obra que escrevi há já algum tempo... gostava que lessem e comentassem... é do fundo do coração:

"Ana: dá-me o teu sorriso, vamos percorrer o caminho da nossa solidão. Vamos juntas descobrir que mudámos o Mundo, só porque amámos. Só porque tínhamos na mão um futuro que se descobriu não ser o nosso. Sim, porque o nosso futuro era o que é hoje, um nada... um vazio que não me serve de absolutamente nada. Tu sabes que eu o amo e que espero por ele nem que me dure toda uma vida. Porque quem como nós já amou sabe que nunca, nunca se esquece. Tu também esperas e eu sei-o bem melhor que tu. Porque tu o amas da mesma maneira que amas o que te rodeia. Sei-o também porque és igual a mim. Tal como eu, soubeste pelos Anjos que o vosso amor tinha acabado. Aliás, ainda não chegaste a conclusão nenhuma, porque continuas sem entender porque é que as flores continuam a crescer, e por que é que as pedras do chão continuam a desgastar-se, porque é que ele ainda olha para ti daquela maneira... não entendes... mas sabes, o amor é uma doença “quando nele julgamos ver a nossa cor”: como na música dos meus queridos e intocáveis Ornatos. Sabes nem sei bem como, porque é que deixaste o vosso amor morrer... pois bem, eu digo-te uma coisa, nunca morre só quando tu também morreres, e não é por beijares outro alguém daqui a 20 anos que ele vai morrer ali. O amor fica sempre guardado, naquele canto, sabes qual é? Aquele que ninguém desconfia. Ali, guardado para sempre, vive para ele até o vosso amor não aguentar a solidão do outro amor. Até ele chegar perto de ti e dizer:
- Eu nem era para vir, mas o meu coração puxou-me e disse-me que estava com saudades do teu. Eu vim por arrasto. Levantas-me? Deixas o meu coração amar o teu incondicionalmente outra vez, que ele sem o teu não cresce, e eu não quero ficar sem coração, percebes? É só por isso. E porque sem eu te amar a ti e sem tu me amares a mim, os nossos corações não o podem fazer! Eu amo-te.
Assim, dito desta maneira o que pensarias?
- Que bela cantada?!
Não, sabes porquê? Porque estas coisas são sempre ditas quando se começa de novo. Mas é tudo calado com um beijo. O beijo que separa o antes do depois. Do Passado e do Futuro. Ou seja, tu própria já disseste o mesmo quando o beijaste depois de muito tempo separados.
Sei que neste momento todas as flores são nossas, tudo o que sonhamos, o que pensamos, o que quisemos, está tudo aqui junto a estas borboletas que nos rodeiam e que nos amam só porque estamos aqui. Eu adoro-te, só porque estás aqui. Lembra-te: primeiro tu, depois tu e tu e tu e tu e tu, e depois tu, e depois os outros, não deixes usar-te. Foste tu que mo disseste e eu não vou esquecê-lo..."

Legislativas de 20 de Fevereiro

O dia de amanhã, não é só mais um dia nas nossas vidas... é um dos dias em que podemos mudar o nosso futuro e escolher quem nos governará... não nos vamos abster! Quantos homens e mulheres não lutaram por este nosso direito? Quantas não foram as mortes, as torturas? Quantas não foram as loucuras? Por eles vamos votar... E não votamos porque é fixe... nem porque o saramago escreveu um livro que previa o voto em branco de massa... votamos porque queremos ser nós com uma voz no futuro... enum simples papel está o futuro.

Domingo vota, em quem, só te cabe a ti decidir... desde que votes...

sábado, fevereiro 19, 2005

O início

É verdade, caros amigos e camaradas... depois de longa ausência, cá apareço eu... com um blog completamente novo e fresco. Novo nome, nova cara, novo local... temos de inovar... a velha http://mocadoacafate.blogs.sapo.pt já não andava em frente, então tive de virar-me para outro lado, certo?

Este novo blog espera criar um novo olhar sobre o interior da vida, do país... Com um olhar crítico sobre o mundo: tanto das letras como das artes... A política, sempre presente no meu discurso, vai ser um grande ponto a focar...

E de resto já sabem como é: por favor escrevam... sejam revolucionários, artistas e quem sabe tudo aquilo que sempre sonharam ser...

Sempre vossa