quinta-feira, julho 17, 2008

Quando saíres... fecha a porta no trinco!

Chegaste mesmo a bater a porta. Como de tantas outras vezes em que a abriste com a chave. Esperei por ti a vida toda, para depois me deparar com um vazio que não me preenche nada, a não ser de dor.


Sempre sofri por amor. E julgo que algum dia me hei-de arrepender disso. Da mesma maneira como me arrependi no outro dia de ter comido um pastel de nata, um croissant e um bolo de bolacha, quase tudo de uma vez.


Não sei se o meu distúrbio alimentar vem da minha ansiedade pela paixão, ou se sou mesmo uma parva lambona. Não sei se quando caminho na rua e sinto o vento na cara se ele também me sente. Não sei se o chão fala comigo, ou se os pássaros e as borboletas sabem o meu nome. Se as ervas daninhas sonharam comigo de noite ou se os pombos comeram os meus restos de saudade que deixei pelo caminho à espera que me encontrasses de novo.


Quem sabe se não foi isso que aconteceu e por essa razão não me encontraste? Sim, porque eu acredito que continuaste à minha procura. O meu problema é que eu acredito em muita coisa. E, acima de tudo, acredito que um dia eu fui o teu pijama cor de laranja, do qual não te separas.


Eu não consigo viver sem a minha almofada cor-de-rosa e tu não conseguias ver a tua vida sem uma porcaria de um pijama de 5 euros que te comprei nos saldos da La Redoute. Sabia tão bem adormecer agarrada com unhas e dentes àquele algodão colorido. Sabia tão bem poder sentir-te sem ele, pele com pele, respiração com respiração, vida com vida, paixão com amor e desejo com…


Sabia bem saber de tudo e ao mesmo tempo não saber de nada. Mas o amor tem muito disto. De não saber. Agora sei muito menos. Não sei se me dói menos ou mais. Mas estava habituada à tua vida. E isso preenchia-me as tardes quentes de sandália no pé, unhas pintadas de vermelho e cigarro na ponta dos dedos a saborear o sol. Hoje sei que a vida que vivo é apenas a minha. Afinal é só essa que tenho para viver. A tua? Deve ser de outra agora.


A minha é do mar… porque até é Verão e tenho de tirar o bikini da gaveta. É do martini das noites longas e dos sorrisos das tardes quentes.


Não penso em ti.


Dêem-me chuva, que o sol queima-me a inteligência e faço textos deste género…