quarta-feira, agosto 13, 2008

...

Construí um sonho com quatro bugalhos e uma borboleta. A borboleta tinha a terrível mania de que era uma matrioska, sendo que, por força queria viver dentro de um bugalho.

Se um dia, as borboletas fossem efectivamente matrioskas, com as suas grandes madeiras, de várias camadas, o que poderia acontecer aos nossos sonhos? Deixaríamos de sonhar coisas inverosímeis e passaríamos a imaginar realidades autênticas. Tal situação, para mim deitar-me-ia por terra. Onde iria buscar agrafadores falantes e tartarugas voadoras? Com que sonharia, senão com um mar de sumo de ananás e areia de açúcar amarelo? A imaginação, julgo, não tem limites… e nem vale a pena impor-lhe barreiras.

Se não tivesse para onde fugir, para onde olharia? Já não poderia observar as nuvens, fotografá-las, pintá-las e ensaiá-las para a tempestade que ocorrerá daqui a dois dias. Sim, porque sou eu quem ensaia as nuvens. E se estas se portam mal… aí sim levam tau-tau na sua espuma melíflua.

Mas não, não sou eu que controlo o tempo e mesmo a pluviosidade, a precipitação… só a tristeza e a dor que me escorrer como linfa da cabeça até à pontinha do dedinho mindinho do pezinho esquerdo.

E no entretanto, cabe-me a difícil e árdua tarefa de sonhar… e depois?



The flower said, "I wish I was a tree,"
The tree said, "I wish I could be
A different kind of tree,
The cat wished that it was a bee,
The turtle wished that it could fly
Really high into the sky,
Over rooftops and then dive
Deep into the sea.
And in the sea there is a fish,
A fish that has a secret wish,
A wish to be a big cactus
With a pink flower on it.

Tree Hugger - Kimya Dawson and Antsy Pants




Dêem-me amarras, que quero fugir…

segunda-feira, agosto 11, 2008

Free Press...

Estou cansada das opiniões sobre a imprensa gratuita. Estas dividem-se entre o “é maravilhoso” e o “é apenas publicidade, por vivem à base disso”.

«A imprensa gratuita tem uma capacidade de desenvolver novos e inovadores formatos, com um elevado impacto junto dos públicos-alvo» - dixit o director de Marketing da Coca-Cola Portugal, José Alberto Antunes. De notar que, os jornais gratuitos são publicações de, e para as populações, e que é de senso comum que muito poucos são aqueles que efectivamente lêem, sendo que a televisão veio alargar a entrega de informação, ao mesmo tempo que a standartizou.

Na realidade estes jornais não têm vergonha de afirmar que vivem para a publicidade. Pode-se verificar que este tipo de imprensa facturou quase 70 milhões de euros em publicidade em 2007. Porquê? Porque ninguém rejeita o que lhe dão para a mão, o que não significa que o leiam ou que entendam o que lá está. Infelizmente, os estudos da Psicologia estão repletos destes casos de leituras transversais ou não leituras. O que sabe melhor: uma amostra grátis de um paté gourmet ou um paté gourmet pago pelo nosso bolso? Eu escolho a segunda. E obviamente a mim ninguém me tira o meu Expresso ao Sábado – mesmo depois do Saraiva (na realidade acabo por comprar os dois, pela qualidade das infografias do segundo, certo Professor Hélder?) – tal situação, não impede que, nos semáforos, eu receba aprimoradamente o meu Destak ou Metro, que acaba por morrer no banco traseiro da minha viatura. Aliás, o gratuito "Sexta" iniciou a sua campanha assim.

Portanto, chegamos a um segundo ponto que é: há pessoas que realmente lêem. É verdade. E sim é exacto o facto de que, muitas vezes, a publicidade surja mascarada de notícia. Daí o termo "publireportagem", que é a coisa com a maior falta de discernimento que conheço. No entanto, cabe a cada pessoa conceber onde está a ser ludibriada e onde não está. Se uma notícia é mais importante que outra, não nos cabe a nós decidir, pois há muito que a discussão dos valores notícia se alongam nas cadeiras da academia. Por conseguinte, tenho de perceber se me tentam enganar.

Think different já defende a Apple. Nunca vamos tentar mostrar a realidade como ela é... porque sabemos que os media não são um espelho, mas uma escolha... e nesse ponto de vista, estamos a ser embusteados todos os dias. Há é que aprender a dizer não.

Aí está o desafio. Todos gostamos de ser desafiados.



Dêem-me calor, que com esta chuva já calcei as botas!!!

quinta-feira, julho 17, 2008

Quando saíres... fecha a porta no trinco!

Chegaste mesmo a bater a porta. Como de tantas outras vezes em que a abriste com a chave. Esperei por ti a vida toda, para depois me deparar com um vazio que não me preenche nada, a não ser de dor.


Sempre sofri por amor. E julgo que algum dia me hei-de arrepender disso. Da mesma maneira como me arrependi no outro dia de ter comido um pastel de nata, um croissant e um bolo de bolacha, quase tudo de uma vez.


Não sei se o meu distúrbio alimentar vem da minha ansiedade pela paixão, ou se sou mesmo uma parva lambona. Não sei se quando caminho na rua e sinto o vento na cara se ele também me sente. Não sei se o chão fala comigo, ou se os pássaros e as borboletas sabem o meu nome. Se as ervas daninhas sonharam comigo de noite ou se os pombos comeram os meus restos de saudade que deixei pelo caminho à espera que me encontrasses de novo.


Quem sabe se não foi isso que aconteceu e por essa razão não me encontraste? Sim, porque eu acredito que continuaste à minha procura. O meu problema é que eu acredito em muita coisa. E, acima de tudo, acredito que um dia eu fui o teu pijama cor de laranja, do qual não te separas.


Eu não consigo viver sem a minha almofada cor-de-rosa e tu não conseguias ver a tua vida sem uma porcaria de um pijama de 5 euros que te comprei nos saldos da La Redoute. Sabia tão bem adormecer agarrada com unhas e dentes àquele algodão colorido. Sabia tão bem poder sentir-te sem ele, pele com pele, respiração com respiração, vida com vida, paixão com amor e desejo com…


Sabia bem saber de tudo e ao mesmo tempo não saber de nada. Mas o amor tem muito disto. De não saber. Agora sei muito menos. Não sei se me dói menos ou mais. Mas estava habituada à tua vida. E isso preenchia-me as tardes quentes de sandália no pé, unhas pintadas de vermelho e cigarro na ponta dos dedos a saborear o sol. Hoje sei que a vida que vivo é apenas a minha. Afinal é só essa que tenho para viver. A tua? Deve ser de outra agora.


A minha é do mar… porque até é Verão e tenho de tirar o bikini da gaveta. É do martini das noites longas e dos sorrisos das tardes quentes.


Não penso em ti.


Dêem-me chuva, que o sol queima-me a inteligência e faço textos deste género…