sexta-feira, abril 18, 2008

You Make it Easy [Air]

You make it easy to watch the world with love

You make it easy to let the past be done
You make it easy

How'd you do it? How'd you find me?
How did I find you?
How can this be true?

To be held and understood

quinta-feira, abril 17, 2008

Tenho pessoas...

Tenho sono… e além disso tenho muitas outras coisas:






Tenho chuva no cabelo;

Tenho um Cinqueciento maravilhoso;
Tenho dois telemóveis;
Tenho um mestrado para acabar;
Tenho uma dieta para cumprir;
Tenho muito amor para dar…

Aparte disto, não tenho nada, a não ser um vazio imenso que me preenche as entranhas. Não tenho sol, não tenho paz, não tenho descanso, não tenho vida…


Ainda há bem pouco tempo, fazia o trajecto Leiria – Lisboa (habitual) no Expresso e chovia… chovia muito. Bastante até. Parámos em Caldas, onde parecia existir uma inundação. A água escorria por todo o Autocarro e fez-me sentir limpa. Por momentos não tive pecados, nem cenas incestuosas. Estava por debaixo daquela água e sentia-me purificada. Depois de repente, parou de chover e a velocidade do autocarro escorreu todas as gotas de água outrora pertencentes ao meu vidro, as quais já tinha acarinhado.


Voltei ao que era. E senti-me triste por isso. Senti-me culpada e miserável novamente…


É interessante como e de que maneira um dia de chuva nos pode fazer sentir bem e a sua ausência nos faz sentir mal. Nós, que detestamos chuva e praguejamos ao céus quando ela nos cai em cima, indefesa, disposta a ajudar-nos a continuar a sobreviver…


Pensei que somos assim também com as pessoas. Há pessoas que pensamos que nos massacram a vida; pessoas a quem nos sentimos obrigados a estar e a confraternizar; pessoas de quem pensamos que não precisamos. Mas, no entanto, há momentos em que só essas pessoas nos podem fazer sentir bem.


São pessoas que estão perto, e muitas vezes, mais perto e mais juntinho do quentinho do nosso coração do que pensamos. E que só nos querem bem e felizes. Se por ventura, um dia, essas pessoas nos faltassem… bem, aí íamos sentir na pele a sua nostalgia associada à nossa solidão.


Tenho a certeza de tudo isto. E nunca tenho verdades absolutas sobre nada… Onde existe esta pessoa na tua vida?
Dêem-me sol e calor, que me sinto estúpida!!!


Foto [Faneca in http://www.olhares.com/Fanequita]

segunda-feira, abril 14, 2008

O real são borboletas amarelas...

As noites e os dias que ultimamente tenho vivido, admito, são difíceis. Levanto-me cedo demais, deito-me tarde demais, oiço o que não devo, dou o litro e levo pancada. Sempre pensei que a vida fossem borboletas amarelas, e sonhos às bolinhas cor-de-rosa. Ou se não fosse isso, que pelo menos fosse parecido.



Afinal, nem fazem parte do mesmo grupo de palavras.

Esta dissemelhança entre a realidade, o discurso que elaboramos sobre a realidade e aquilo que queríamos que a realidade fosse tem muito que se lhe diga. Mal sei eu que queria que o dia tivesse 36 horas sendo que 4 das quais me bastavam para dormir, e nas restantes dormitaria sobre assuntos pendentes, urgentes e afins… Se eu pudesse planear a minha realidade, seria bem diferente do que é real: vinha vestida de pirata para o trabalho, com uma coroa de princesa. De vez em quando teleportava-me para o amor dos meus animais de estimação e lava-lhes o ego com mimos. Depois, saía de casa e voava até à Austrália onde apanhava umas ondas e sorria como os koalas para os gajos giros… nunca me tinha de preocupar com dinheiro, com facilitismos, lobbies, doutores boys e éteceteras. Só me tinha de preocupar em espalhar amor a pacotes de arroz pelos amigos e dormir no quentinho da família de cada vez que me apeteciam lareira e chocolate…

Seria tudo tão fácil… tudo tão simples… agora que isto seria possível, é sempre… nem que seja na minha mente depravada…

Por enquanto vou-me esquecendo de mim em copos de martini, ao som de Depeche Mode, não é Aninha?


[Foto: Ana - à esquerda; Faneca - à direita]

domingo, abril 06, 2008

As minhas imagens...

Na antiguidade, não muito antiga, acreditava-se que, ao tirar uma fotografia, era retirada a alma da pessoa fotografada e guardada naquela caixinha mágica. E depois de morta? Depois de morta a pessoa era fotografada, para ser sempre recordada. Talvez por isso fotografei esta tarde o cemitério da minha vila sob o olhar reprovador dos circulantes.

Não é difícil tentar perceber esta mentalidade – a de ser perder a alma numa fotografia. Muitas vezes, quando fotografo, tento retirar o máximo da alma da cena ou do objecto, e guardá-la nos meus 10 milhões de pixels. Depois, quando posso, imprimo. E olho para a minha obra.

Gosto de pegar na fotografia e aplicar-lhe texturas e mesmo cores. E depois de impressa gosto de trabalhar ainda sobre ela, com tinta de óleo e mesmo um pastel, quer seja de óleo, quer seja compacto.

As imagens nunca ficam estáticas. Se bem que existem imagens que não ouso tocar. A imagem da minha infância feliz, e mesmo a imagem da minha sofrida adolescência ficaram retidas de tal forma, que não há pincel ou borracha que tente apagar ou colorir os momentos menos bons. Quem me conhece, e mesmo quem me lê, sabe que sou uma louca agarrada ao passado. Por mais que me tente distanciar é sobre ele que reflicto de todas as vezes que, sentada na varanda da minha casa, tento imaginar uma história nova.

Apesar de tudo, também não me consigo distanciar das emoções. Daqueles momentos fugazes. Daquele bater forte do coração. É mesmo verdade. Não suporto imagens estáticas e rotinas e palavras iguais e sorrisos cor de laranja. Não suporto ter de olhar para as minhas imagens e chorar sobre elas como se fosse leite derramado. Não suporto acreditar que “amanhã será melhor” ou no “happily ever after” Não há futuro quando não existe amor guardado em pacotes de batatas fritas. Não há saudade que não negue uma lágrima de nostalgia.

Sinto um desconforto brutal por não ser feliz. Sinto-me incompleta. Sei que seria feliz se fugisse daqui. Mas para onde? Fugir fugiria, no entanto as imagens ficariam para sempre comigo. Não há quem apague as fotos tiradas pelos olhos da memória. Não há quem apague esta bola de dor entre os meus pulmões. Não há que me segure ao colo, e afague os cabelos húmidos e me diga “quero-te”. Não há? Talvez haja, eu é que não quero ver porque só penso em fugir.
Foto// S. Pedro de Moel, at 03/04/08, end of the day

quinta-feira, abril 03, 2008

nostalgia... do nada

Se eu fosse de ferro vestia-me de cinzento todos os dias… acordei com esta frase a passear-se na minha cabeça e sinceramente não sei o que fazer com ela. O poço sem fundo em que se tornou a minha vida é mais cor-de-rosa chock. Parece que caminho por entre sorrisos falsos e promessas escondidas. Desenhos desenhados em paredes desenhadas de branco puro. É tudo muito triste e tudo me dói.

Quando a chave entrou na fechadura da minha porta de alumínio negro, quando ouvi aquele raspar rouco que se entranha na pele, lembrei-me por ventura do teu cheiro, e de como sabiam bem aquelas tardes à beira mar. Como a espuma dos dias e a cevada das noites me levavam entre caminhos de estrelas e martinis gelados. Como o teu cabelo era suave e com cheiro a johnsons baby camomila. Eras claro e tinhas mãos de pianista, no entanto enveredaste pelo mundo das artes cénicas e dos amores sem sentido. Como o nosso. Como o beijo que demos e que nunca voltámos a repetir.

A nostalgia tem destas coisas. De nos lembrarmos de pessoas que de certeza nem se recordam de nós. Que dormiram connosco e partilharam a mesma almofada. Que fizeram comentários sobre a lua escura, a lua nova e o quarto minguante. Que arranharam os dedos pela minha pele jovem, virgem e macia… que ficaram comigo várias noites depois dessa. Na minha cabeça. Nas minhas mãos… no meu telefone…

Só foi pena nunca teres existido...