sexta-feira, dezembro 29, 2006

Porque é que o dia está tão escuro?

Porque é que o dia está tão escuro?
Porque é que tenho tanto frio?
Porque é que a minha perna me dói tanto ultimamente, de tal maneira que quase consigo controlar a dor e nem me queixo, só no meu silêncio indestrutível, ou no meu Reiki purificador?
Porque é que exigem tanto de mim?
Porque é que tenho de estar sempre atenta?
Porque é que não posso simplesmente desinteressar-me?
Porque é que tenho obrigatoriamente de viver?
Porque é que tenho de trabalhar?
Porque é que tenho de me calar?


Mas principalmente, e volto ao início, porque é que está tão escuro e um dia tão frio, que nem a minha boina branca de malha me protegeu esta manhã enquanto descia à cidade?

Sempre me disseram que estar na Terra é difícil. Bem, a Alien que diga se isto é melhor ou pior que na “Terra” dela… Mas por vezes o desconforto de fazer tudo certinho também me sobe à cabeça.

Gostava de ter sido uma marginal a viver à margem da lei. Sempre em fuga. Às vezes sonho com isso e nos países que poderia já ter também visitado nesta minha fuga interminável… Deveria ser muito interessante. Deveria conhecer quase todos os mafiosos do mundo e teria uma mira na testa por onde andasse. A vida no perigo. Sempre o quase… sempre o quase…. Sempre o quase…

Mas não. Não tenho nada disto. Mas comigo é sempre o “se”. E se eu fosse assim. Ou se fosse assado. [bem se fosse assado, já não era porque alguém já me tinha papado].

Viver na inconstância do ser. Viver com um fantástico medo de dizer, NÃO! Viver na sombra de mim mesma. Viver simplesmente para não desiludir os outros… Cansa-me. E estou mais que cansada de mim mesma. Tanto que a minha próxima resolução de ano novo será: DIZER NÃO!!!

Tanta dissertação… e volto novamente à questão…
Porque é que o dia está tão escuro, se eu tenho os olhos tão abertos? Para quê o frio, quando não há ninguém para abraçar?

...

«Se não pudermos tocar no céu,
pelo menos tiremos os pés do chão...
Nem que seja uma única vez!»
Interessante, isto está-me sempre a acontecer quando uso o meu mp3. Serei invisível. Para mim sou...

domingo, dezembro 10, 2006

É impossível

Este fim de semana fui de Sérgio Godinho. precisava de uma limpeza poética musical e julgo que ele consegue alcançar esse êxtase.

Na verdade já ouvi o "Escritor de Canções" umas 550 vezes, mas não me canso. E hoje, só hoje eu me apercebi da beleza poética da música "Fugitivo". Realmente, como em tudo na vida existem coisas que estão mesmo defronte do nosso nariz e nós nem as vemos.

«É impossível não é possível correr tanto e pensar tão lucidamente o coração não aguenta a cabeça também não porque tenta ultrapassar os seus limites? provavelmente é por vontade de viver (quente quente ...) que ultrapassa os seus limites «Estamos quites!» diz para o seu coração «Ainda não, ainda não ... sentes que valeu a pena? se te obrigam a fugir mais te obrigam a chegar junto de ti valeu a pena?»

Pus-me realmente a pensar, nas profundezas da tristeza. Afinal o que vale a pena? Fugir? Mas estou a fugir de quem? Dos outros ou de mim?

- Question!

- S'il y a des moments en que je m'entourne des sentiments moins douces je me suis morte... mais, il y a les sentiments tellement purs qui cela ni je m'identifie!

- S'il y a l'amour je ne devrai pas courir loin!

- Se há amor, não devo fugir!

Amar assim, no fim de mim, é mais, é mais, nada me satisfaz! Tudo o que o amor for capaz! Amor é tudo! Amor é nada! [Sara Tavares]

...

«E agora eu vou-me embora
e embora a dor não queira ir já embora
agora eu vou-me embora
e parto sem dor
E parto dentro de momentos
apesar de haver momentos em que dentro a dor
não parte sem dor »
Sergio Godinho, Parto sem Dor

quinta-feira, dezembro 07, 2006