sexta-feira, dezembro 29, 2006

Porque é que o dia está tão escuro?

Porque é que o dia está tão escuro?
Porque é que tenho tanto frio?
Porque é que a minha perna me dói tanto ultimamente, de tal maneira que quase consigo controlar a dor e nem me queixo, só no meu silêncio indestrutível, ou no meu Reiki purificador?
Porque é que exigem tanto de mim?
Porque é que tenho de estar sempre atenta?
Porque é que não posso simplesmente desinteressar-me?
Porque é que tenho obrigatoriamente de viver?
Porque é que tenho de trabalhar?
Porque é que tenho de me calar?


Mas principalmente, e volto ao início, porque é que está tão escuro e um dia tão frio, que nem a minha boina branca de malha me protegeu esta manhã enquanto descia à cidade?

Sempre me disseram que estar na Terra é difícil. Bem, a Alien que diga se isto é melhor ou pior que na “Terra” dela… Mas por vezes o desconforto de fazer tudo certinho também me sobe à cabeça.

Gostava de ter sido uma marginal a viver à margem da lei. Sempre em fuga. Às vezes sonho com isso e nos países que poderia já ter também visitado nesta minha fuga interminável… Deveria ser muito interessante. Deveria conhecer quase todos os mafiosos do mundo e teria uma mira na testa por onde andasse. A vida no perigo. Sempre o quase… sempre o quase…. Sempre o quase…

Mas não. Não tenho nada disto. Mas comigo é sempre o “se”. E se eu fosse assim. Ou se fosse assado. [bem se fosse assado, já não era porque alguém já me tinha papado].

Viver na inconstância do ser. Viver com um fantástico medo de dizer, NÃO! Viver na sombra de mim mesma. Viver simplesmente para não desiludir os outros… Cansa-me. E estou mais que cansada de mim mesma. Tanto que a minha próxima resolução de ano novo será: DIZER NÃO!!!

Tanta dissertação… e volto novamente à questão…
Porque é que o dia está tão escuro, se eu tenho os olhos tão abertos? Para quê o frio, quando não há ninguém para abraçar?

...

«Se não pudermos tocar no céu,
pelo menos tiremos os pés do chão...
Nem que seja uma única vez!»
Interessante, isto está-me sempre a acontecer quando uso o meu mp3. Serei invisível. Para mim sou...

domingo, dezembro 10, 2006

É impossível

Este fim de semana fui de Sérgio Godinho. precisava de uma limpeza poética musical e julgo que ele consegue alcançar esse êxtase.

Na verdade já ouvi o "Escritor de Canções" umas 550 vezes, mas não me canso. E hoje, só hoje eu me apercebi da beleza poética da música "Fugitivo". Realmente, como em tudo na vida existem coisas que estão mesmo defronte do nosso nariz e nós nem as vemos.

«É impossível não é possível correr tanto e pensar tão lucidamente o coração não aguenta a cabeça também não porque tenta ultrapassar os seus limites? provavelmente é por vontade de viver (quente quente ...) que ultrapassa os seus limites «Estamos quites!» diz para o seu coração «Ainda não, ainda não ... sentes que valeu a pena? se te obrigam a fugir mais te obrigam a chegar junto de ti valeu a pena?»

Pus-me realmente a pensar, nas profundezas da tristeza. Afinal o que vale a pena? Fugir? Mas estou a fugir de quem? Dos outros ou de mim?

- Question!

- S'il y a des moments en que je m'entourne des sentiments moins douces je me suis morte... mais, il y a les sentiments tellement purs qui cela ni je m'identifie!

- S'il y a l'amour je ne devrai pas courir loin!

- Se há amor, não devo fugir!

Amar assim, no fim de mim, é mais, é mais, nada me satisfaz! Tudo o que o amor for capaz! Amor é tudo! Amor é nada! [Sara Tavares]

...

«E agora eu vou-me embora
e embora a dor não queira ir já embora
agora eu vou-me embora
e parto sem dor
E parto dentro de momentos
apesar de haver momentos em que dentro a dor
não parte sem dor »
Sergio Godinho, Parto sem Dor

quinta-feira, dezembro 07, 2006

quarta-feira, novembro 29, 2006

Estou de Luto


Mais um Líder Espiritual morreu.

Estou com mais uma dorzinha na alma.



Amo-te Cesariny. Até Sempre.


«Autor duma extensa obra no campo das letras e das artes visuais, Cesariny é um nome incontornável do Surrealismo português. Foi na "anti-pintura" que deu asas ao automatismo. Explorou a composição de pinturas, as suas "tinturas"; experimentou a ocultação; criou "sismofiguras" em passeios de eléctrico dando livre acção à trepidação da caneta; e as "soprofiguras". A sua vida e obra confundem-se e protagonizam a "liberdade cor de homem" proclamada por André Breton. »
"O que é o amor?
-É uma rua muito sossegada onde só se passou uma vez."
Mário Cesariny e João Rodrigues, 1958

quarta-feira, novembro 22, 2006

DELETE!


Guardo os meus chinelos debaixo da cama e sigo a caminho da vida.






Perco-me entre carros e automóveis de última geração como telemóveis e não sei por quê, sinto que não fui feita para estar aqui.

Olho para as pessoas e vejo-as envoltas em cores que nem eu sei indentificar.

Penso em alguém e adivinho-lhe o pensamento. Vou adiando a minha vida e vão-me pedindo apontamentos sobre ESQUECER.

Gostava de andar na rua rasteirinha ao chão. Gostava de ser gata. Uma gatinha preta, de casa. Doméstica. Os animais esquecem tão depressa, que eu nem me importaria de fazer amor com o meu suposto irmão gato. Além de esquecer quem era, esquecia de onde vinha, quem conhecia... Vivia apenas a minha vida e não a de uma outra gata qualquer porque até nem me reconheço ao espelho.

Se tapar os olhos com força. Se consignar o pensamento a uma bola de chumbo, conseguirei abstrair-me do chão molhado da chuva? Do meu pêlo encharcado? Do meu miar rouco?

Pensando bem, se fosse gata, não poderia pintar, e lá se ia mais um dos meus prazeres. E não gosto quando não me são feitas as vontades. [todos temos os nossos quês]

Há neste momento uma fila de pensamentos que se vão alinhando sem pedir.

«

- Bureau ouverte!
- Entrez s’il vous plait.
-
bonjour ! je veux m’oublier !
- Bien sûr !

»

[Delete thought]

(Stupid noise coming from above that sounds like ponnnnn!)


Se eu não morresse nunca!
E eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!
Cesário Verde

Um pouco de cor...

terça-feira, novembro 21, 2006

Não leves a vida muito a sério;
não vais sair vivo dela.
André Maurois

segunda-feira, novembro 20, 2006

Lisboa revisitada...

Pois é... parece que o que os nossos ex-subditos brasileiros se esquecem da sua história e daquilo que é Portugal. Sempre tive uma apreençãozita, mas tanto... fogo, podiam pesquisar mais antes de escrever.
Sim... isto foi um artigo que saiu numa revista brasileira:
E esta hein?

domingo, novembro 19, 2006

Quem espera sempre alcança.

Queres-me.
Queres-me mesmo mesmo muito.
Consigo vê-lo nos teus olhos.
Estiveste a pensar em mim, não foi?
Consigo pressentir a antecipação, a tua fome capaz de devorar tudo.
Os teus lábios estremecem ao mero pensamento de me voltares a ver.
As tuas pernas contraem-se, as tuas mãos tremem.
Queres devorar-me.
Toma-me toda.
Explora-me e volta a mim uma e outra vez.
Não adianta negar.
Tens fome de mim.

terça-feira, novembro 14, 2006

Hoje disseram-me:
"És uma carracita!"

e depois acrescentaram:
"Mas isso é querido!"

Onde está a Metafísica?


quinta-feira, novembro 09, 2006

A Crítica!

ESTOU TRISTE…

Que teçam críticas construtivas e deitarem abaixo os The Gift, concordo [nunca gostei de gente presunçosa]. Agora que conotem a escrita de Pedro Paixão como “Tédio”…. Fere-me a alma… de uma maneira tão profunda, que me dói.

Dóris Graça Dias, no seu comentário literário no Semanário Expresso, lança todo um desprezo e descrédito à escrita de um dos melhores autores que conheço, que me provocou um asco imenso.

A dada altura, e passo a citar, a colaboradora do semanário e crítica literária escreve:

A escrita de Pedro Paixão tem-se situado ultimamente neste limiar. Não há disfarce relativamente a uma angústia existencial própria, destrutiva e sem recurso. Não há saída, mas apenas retorno sobre si mesmo, numa apatia dolorosa, que transpira desejos de suicídio. Um escritor morre quando deixa de escrever? Talvez. Por isso escreve para não morrer. Quanto ao leitor, anónimo, que se dane!

Pois bem, cara doutora, eu gosto de tudo isso mesmo no Pedro. Gosto da sua dor. Da sua angústia, da sua catarse, que me faz voar os pensamentos, os sentimentos… Gosto disso de uma maneira, como não gosto de quase nada na vida que tenho. O Pedro é mesmo assim, e se mudasse, se se tornasse diferente julgo que o deixaria de amar desta maneira espontânea e quase doentia.

O amor é isso mesmo. Ou se ama ou se odeia, diz-se na sabedoria popular. Durante a apanha da azeitona, ou da época da vindima, quando se faziam filhos num amor escondido em feno.

Sei que talvez fosse obrigatória uma crítica… mas julgo que as críticas deveriam ser para os dois lados. Principalmente quando para esta senhora os pontos negativos que abordou, são apenas e só os pontos que mais amo na escrita fantástica de Pedro Paixão. Nas suas estórias contadas em ápice… em frases perfeitas e carregadas de desprendimento. “Vou morrer quando deixar de escrever”… eu própria morrerei também um pouco, porque existem palavras que dão oxigénio aos nossos dias cinzentos e na minha vida… as palavras são as tuas…

NÃO ME GASTEM O CORAÇÃO!
"O que eu gostava era de poder falar na tua boca para que as tuas palavras fossem minhas e pudesse permanecer silencioso ao teu lado".
Pedro Paixão

quarta-feira, novembro 08, 2006

"Que fantástico isto de ter o período. Mal posso esperar até ao mês que vem."
in LeCool

terça-feira, novembro 07, 2006

"Há muitas maneiras de morrer, há muitas coisas para matar. O que se tem de matar primeiro é o que está mais próximo de nós. O que temos a obrigação de matar primeiro é o nosso amor. Depois já não é preciso, depois basta acabar."
[Pedro Paixão Boa Noite]

segunda-feira, novembro 06, 2006

Epilepsia Apática...

Não há palavras para descrever a minha raiva… de todas as vezes que a sinto, aqui bem entre estes meus dois pulmões que respiram consecutivamente o ar poluído dos dias.

Há momentos que desejamos que nunca nos tivessem acontecido. Coisas que nos fazem sentir raiva por existirmos, por nos tratarem tão mal, por vermos os outros que nos estão próximos a serem enxovalhados por palavras, gritos e frases que ninguém merece. Nem eu, que já fiz algum mal na vida (até porque nem sou santa).

Sei bem que sentir raiva não é um bom sentimento. Mas ultimamente é o que me faz respirar. Sim, agora que pareço um zombie a tentar ignorar um monte de estupidezes que me envolvem num segredo.

Uma voz vem sempre à consciência. Fala diz-me: esquece; ignora; continua; mecanicamente. Pareço um robot.

Pedem-me – eu faço. Falam-me – eu escuto. Matam-me – eu morro.

domingo, novembro 05, 2006

"Tenho de tomar já um ansiolítico.
A tua ausência, pelos vistos, ainda me sufoca!"
Pedro Paixão

terça-feira, outubro 31, 2006

Algodão Doce!

Existem pessoas na nossa vida que por vezes nos sabem a Algodão Doce.

Aquela coisinha boa colorida que metemos na boca e logo se derrete. É claro que ficamos com açúcar derretido até às entranhas, e mal tocamos em algo a nossa pele cola. Mas é divertido.

Assim são algumas almas errantes por aí… que de tão engraçadas colam-se-nos à pele e fazem-nos sorrir.

A história do Condutor que Vai todos os dias até Santarém é uma dessas pessoas que etiqueto de Algodão Doce.

Não conheço o Condutor que Vai todos os dias até Santarém, mas vejo-o todas as segundas feiras enquanto espero o meu autocarro chegar.

Naquela melancolia que é a segunda-feira de madrugada, é ele quem enche o meu sorriso de sol.

De cara rasgada num sorrir perfeitamente puro ele sai do autocarro e diz:

- “Quinta do Sobrado, Abrantes, Fátima, Santarém” [e mais uma parafernália de nomes de terras portuguesas]…

E cala-se sempre de sorriso na mão.

-“ Não, não penso que vá para aí alguém” – responde uma senhora idosa.

-“De certeza? Olhem que não me apetece nada viajar outra vez sozinho… eu pago o pequeno-almoço e ainda vai visitar uma terra diferente… que me diz?”

Todas as pessoas que nesse momento estão embrenhadas nas conversas, ou na música, ou na leitura, ou em quer que seja, esfarrapam gargalhadas vindas da mais cristalina simplicidade.

Eu também sorrio.

Acho que aquele Condutor que Vai todos os dias até Santarém existe para me fazer sorrir todas as segundas feiras de manhã, e uma outra pessoa às terças e outra às quartas… até à infinidade…

Depois de colocar o pessoal bem disposto, entra no seu transporte e segue o seu caminho, não sem antes acenar um breve adeus à plateia que o admirou, pelo menos um instante.

Acho que todos nós gostaríamos de ser Algodões Doces um instante, pelo menos. Nem que seja na vida de alguém, mesmo desconhecido. Não interessa.
O que é interessa é ser. E depois de Ser - > Sentir.

"Onde caberá um mundo inteiro neste mundo pequenino? Como é que se consegue?
Como é que se faz?"

sexta-feira, outubro 27, 2006

Warning!

"I suggest we Learn to love ourselves, Before its made illegal..."

"She woke in the morning. She knew that her life had passed her by She called out a warning. Don't ever let life pass you by."

Bom Fim-de-Semana

quinta-feira, outubro 26, 2006

Cinco Manias

Regulamento: "Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue."

Em seguida descrevo sucintamente algumas das minhas preciosas manias. Para mais informações liga para: …. (acham que vos ia dar o número?)


1ª Mania Agressiva_ Ofender-me gravemente com as críticas dos outros (ai que fera) …


2ª Mania Óbvia_ Adoro ser a melhor bolacha do pacote…(tive piada não tive? eh eh eh)

3ª Mania Idiota_ roer as minhas ricas unhas (nunca se sabe quando poderei (ou não) arranhar as costas de alguém!);

4ª Mania Compreensível_ Não me pisem os calos. Sou de trato difícil!

5ª Mania Simples_ Gosto muito de andar no mundo da lua… a sonhar e tal…alienada… acho que é melhor que borra de café nas plantinhas…


ADENDA (a pedido de muitas famílias seguem mais duas manias)

6ª Mania Manio-Depressiva_ Inventar montes de histórias sem nexo (criar ilusões com a vida das outras pessoas... observá-las de longe, nem que seja numa foto e saber dentro de mim cada história)... dar vida e criar associações com números letras e cores (sabiam que o A é uma mulher por quem o B está apaixonado mas que não lhe liga nenhuma e que o E é uma mulher irmã do macho D?) eh eh eh [freaky]

7ª Mania Política_ Ser assumidamente de esquerda e acreditar que um dia o poder vai ser nosso e seremos todos irmãos...

As seguintes páginas a brotar com manias são:

Pancrásio Juvenal
Hole in My Vein
Monarca

Alien
Casemiro dos Plásticos

"Que farias se tivesses seis pernas? Para onde voavas se tivesses asas? Se tivesses a tua própria antena para ouvir o mundo, em que frequência te sintonizavas?"

segunda-feira, outubro 23, 2006

Uma vida falhada é um direito inalienável!

Le valse des Monstres Ian Tiersen (Le Fabuleux Destin d'Amelie Poulain-Jean Pierre Jeunet)
- "É claro que a conheces"
- "Desde quando?"
- "Desde Sempre. Nos teus sonhos."
(Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain)

quinta-feira, outubro 19, 2006

quarta-feira, outubro 18, 2006

"O que escreves faz-me sofrer!"
Pedro Paixão

...

Hurt You?
A tristeza de magoar. De "aleijar" só mais um bocadinho! Tenho medo de te fazer sofrer... de sofreres por mim... porque eu gosto de sofrer... de me estar a corroer por dentro... gosto de me imaginar fora de mim, a voar, para apagar aquela dor que gosto tanto de sentir...
Do you still love me?
"E de repente o sossego, a paz nos nossos corações atribulados, o alívio de, por fim, nos termos encontrado"...
Pedro Paixão

sexta-feira, outubro 13, 2006

Somos sempre quatro. O que achamos que somos, o que achamos que os outros acham que somos, o que os outros efectivamente acham de nós e o que somos veramente, independentemente dos achados e dos perdidos.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Final Fantasy


Eu vou. Sábado.
[Lembram-se do jogo? Lembram-se do filme? Passaremos também a lembrar-nos de Owen Pallett. Seguiremos o som do seu violino como ratos amestrados. Seremos conduzidos a um abismo de delicadeza e luminosidade. Saltaremos sem olhar para o chão e não cairemos. Flutuaremos em círculos. Seremos envolvidos pela beleza e suavidade da composição. Tocar. Gravar. Retocar. Regravar. Conheçam a reutilização do som. A técnica já é conhecida, mas Final Fantasy acrescenta-lhe a dimensão pop clássica e voz frágil. Um homem e o seu violino, os dois sozinhos.]
texto in lecool

terça-feira, outubro 10, 2006

Para um amanhã sem olheiras, sem água das pedras, sem desequilíbrios hepáticos...


Quero dar um passo. Mais. Quero dar vários passos para me perder em ti. Quero desfazer-me em ti de três mil maneiras e depois cair no abismo do nada. Quero abrir as têmporas e pensar no infinito. Cozer as lágrimas com salmão e grelhar o amor. Quero cruzar-me com o futuro sem me aperceber que o passado está já ali a dois metros. Quero morrer de amor. Quero sorrir de paixão ou gritar de prazer. Quero partilhar os cabides do armário. Quero perfumar-me todas as manhãs sem me esquecer. Quero arrancar a solidão, o desconforto do beijo e acabar por beber da tua água.
Quero isto tudo. Ou não quero nada disto.
Deêm-me vertigem, que quero fugir...

segunda-feira, outubro 09, 2006

"Eu própria não tenho razão para qualquer tristeza, mas não aguento. Trago os bolsos com ansiolíticos que desfaço na boca com golos de vinhos caros e ainda consigo compor uma frase minimamente correcta."
Pedro Paixão

domingo, outubro 08, 2006

sexta-feira, outubro 06, 2006

Please... breathe!


Quem lida diariamente comigo sabe e, de certo modo, compreende o meu fascínio pela morte. Não pelo facto em si ou por ver pessoas mortas, porque não o faço nem o quero fazer. O meu fascínio nasce de uma outra coisa. Dos cemitérios. Não. Não pensem que “ah esta garota é louca e mórbida, iaccc”, ou “xiii, nunca mais cá venho!”. Porque considero este meu fascínio a coisa mais banal do mundo.

Com certeza todos têm um local onde se sentem bem. Algum sítio onde respirar é mais fácil e onde o corpo não pesa tanto. Quando entro num cemitério é isto mesmo que me acontece. Sinto uma verdadeira Paz. Sinto-me leve. Sinto-me mais eu. Sinto-me mais humana.

Sei que quando caminho por entre as campas de pessoas que nunca conheci, estou a inventar mil histórias na minha cabeça. Olho as fotos. Vejo as datas de nascimento e de extinção. E ponho-me a imaginar as vidas daquelas pessoas. Como terão sido? O que terá acontecido? Será que a morte lhe doeu mais ou aos que o/a rodeavam?

Depois reparo em todos aqueles que morreram antes de 74 e nunca viram a revolução dos cravos e penso: “morreste a pensar que a ditadura era banal, e que não havia futuro”. E isto entristece-me deveras. Porque todos deveríamos conhecer a palavra liberdade. Há ainda aquelas mulheres, enterradas com os respectivos maridos, que com certeza as mal tratavam, as violavam, as agrediam… porque dantes era assim… a “teoria do aguenta”.

Este sábado fui ao cemitério com a minha mãe, colocar flores na campa da minha avó e do meu avô (que eu nunca conheci). Recordei-me de quando era miúda e ia lá com a minha avó colocar flores naquilo que era, naquela altura, apenas a campa do meu avô. Doeu-me saber que é ela que agora está lá dentro. E apeteceu-me gritar e dizer :”vó… salta cá para fora, que o avô tem as flores secas”.
Mas isso não aconteceu, como era de esperar…

Ao lado estava uma mãe com uma criança dos seus 10 anos. Esta, mal chegou à última morada dos seus avós, beijou freneticamente a fotografia dos mesmos. E disse: “olá avó!”, e depois “olá avô”. Comoveu-me. Porque aquela campa estava lá há bem mais de 10 anos. Aquela criança nunca conheceu os avós para além das fotos redondas da sua campa. E aquilo servia-lhe. E amava aquelas fotos como se de os verdadeiros avós, de carne e osso, se tratassem.
É fascinante o nosso mundo e as nossas crenças…

Enquanto atravessávamos uma última vez as ruas da morte (que me dão tanta vida!), reparei, mais uma vez na mentira das flores plásticas, colocadas nas campas mais belas de todo aquele local. Uma afronta a quem está lá em baixo. Colocar flores que nunca morrem, em cima de um morto é uma ironia. É quase como se estivéssemos a dizer “hei, tu morreste, mas coloco-te algo que te enfeita e que nunca morre contigo, para que possas sentir pena daquilo que deixaste”…

Mais uma coisa que me magoou. E muito. Porque eu respeito muito que está morto. É quem me fascina para eu escrever histórias. São aquelas pessoas fechadas naquelas quadrados. Aquelas pessoas que me sorriem sempre com o mesmo sorriso da mesma fotografia há 20 anos. Um dia vou retirar todas as flores plásticas e colocar flores vivas em todas as campas. E dizer:

“boa noite, estas vão morrer convosco, como um sinal de que todos caminhamos para a morte”.

E saí. Com a dor entalada na garganta. Ainda com a areia da morte presa nas sapatilhas. Mais leve que nunca…
Do not cry in public.
Do not laugh in public.
Do not fall in love in public.

sábado, setembro 30, 2006

A queda "idealística"


Sinto-me em quebra de valores e de ideais.
Sempre apertei contra o peito os meus ideais de esquerda contra aquelas que queriam a monitorização de um mundo de massas. Mas hoje, sinto-me a cair em descrédito. Já não posso concordar com nada do que se diz (por aqueles que se intitulam do partido a que tenho uma certa afinidade) hoje. Não há discurso que eu consiga dizer: “sim, senhor”, seguido de uma grande salva de palmas. Esses, perderam-se no tempo o no espaço e nada são agora mais que mofos livrescos de teorias que ninguém mais acredita, sabe ou quer saber.

Isto parte-me o coração.

O descrédito pela classe política. O deixa-andar constante. A falta de comparência nas mesas de voto… tanta coisa, que me faz bater com a cabeça na parede e evocar como os bolorentos PCP’s: “dêem-me um 25 de Abril e uma Revolução”, para me acalmar o espírito.

O BE fez uma marcha do emprego, que não resolveu coisa nenhuma, sendo motivo de chacota. Não é por aí. Por vezes penso que o BE só existe para mandar uns bitaites de vez em quando e guardar um assento no parlamento.

O Paulo Portas, pelos vistos vai voltar para o CDS, para terminar com os pequenos partidos.

O Manuel Alegre anda às turras com o PS, e agora discutem-se os resultados das presidenciais, para que possa dizer: “toma lá”.

Mais um referendo sobre o aborto, quando toda a gente já sabe a opinião pequenina do povinho.

Os funcionários a sofrer aumentos de descontos, num governo socialista. (isto dentro da ideologia Marxista é um fartote).

Tanta coisa que me provoca um asco enorme. A democracia não foi inventada para ser assim: repleta de politiquices e palavras sem nexo, de propósito para o Zé Povinho se achar “desinteligente”.

A democracia foi inventada em valores de liberdade, fraternidade e igualdade. Onde todos somos irmãos e combatemos juntos o desconforto dos outros. Onde não há melhores nem piores. Sim, há monopólios, não nos podemos desfazer da economia. Mas há que andar para a frente. Olhar sem “óculos de Alcanena”. Para os lados. Afinal a nossa visão atinge os 180º. Porque esmiofrarmos o pequeno, quando podemos ser tão grandes.

Dêem-me um Álvaro Cunhal, que começo a acreditar que não existo.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Ninguém é Perfeito a tempo inteiro...

Perdia-me muitas vezes em ti. Pensava que eras perfeito: “e Deus criou a criatura”!. O amor apagava qualquer incerteza, qualquer desleixo da tua parte. A pele guardava aquilo que poderia ser a mais rica de todas as verdades. Afinal, não eras, não és, nem nunca foste tão perfeito como eu julgava. Não respiravas o ar de tristeza embebido em loucura que me fez, secamente, encontrar nos teus braços o resguardo da minha solidão.

Doeu-me. Dói-me sempre, cada vez que dizes que não. Mas a mentira é chuva que me escorre nas veias. Realmente, parece que não consigo viver sem ela. E na verdade, não consigo viver sem ti. Mesmo depois de todos os momentos em que sofri pela tua ausência. Mesmo depois de te ignorar nos meus sentidos, para depois me afogar em paixão.

Tudo isto não faz sentido, simplesmente, porque não existes. Arranha-se-me a alma, como um guarda-chuva deixado por acaso numa sala de cinema. Um esquecimento de algo que nunca foi real aos olhos do povo, ou admissível aos teus. Nunca quiseste acreditar no meu amor e na minha saudade. Nunca acreditaste que por não existires me fazes mais falta ainda. E isso perdeu-se na minha demência por ti. Sim, estou psicótica. Sempre tive o meu quê de louca, mas tu fizeste-me alcançar o delírio da ternura.

Se me abrisses as portas da tua biblioteca e me entregasses de bandeja o mofo dos livros de Kafka, render-me-ia a teus pés. Se encontrasses a timidez de uma sala de estar nos teus olhos enquanto me contemplas, perderias a noção do tempo e do espaço. Perderias o fascínio pelas coisas que já existem e descobririas o brio do fumo do cigarro e a sedução da porta da rua entreaberta. “Sempre uma coisa defronte da outra”.

Por tudo isto, não és perfeito, e não por tudo aquilo que me dizes que não és, oh tu que não existes. E por tudo isto e por muito mais: és perfeito em part-time. De cada vez que, deambulando na minha cabeça, me fazes esquecer o cinzento dos dias nas tuas palavras e me prendes no sorriso da tua presença, aquecendo-me o coração.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Angola! Ah saudade...










Ter feito voluntariado em Angola marcou a minha vida. O meu crescer por dentro. Agora, passados três anos que voltei, sinto umas saudades loucas...
Resolvi deixar-vos um pouco das minhas memórias... porque eu até gosto de partilhar os momentos que me aquecem o coração...






Eu a Catarina (que está lá agora) e a Tany









O momento mais maravilhoso da minha vida.








Alegrias...











Antes de ir dar aulinhas

quinta-feira, setembro 21, 2006

A teoria da Cueca!


Ontem, a Mafa chegou da casa de banho com uma questão existencial da vida de qualquer ser feminino: a roupa interior.
Questão: Porque será que temos a tendência de vestir roupa interior, baseando-nos nas cores da roupa que temos vestida? Será que instintivamente tentamos sempre combinar padrões e cores?
Pois bem, vimo-nos a olhar para as nossas respectivas roupas interiores e a verificar que a teoria estava certa. Camisola rosa, cuecame rosa, casaco verde, cuecame e soutiame verde…
Porque será que fazemos estas associações? Depois de vaguear um pouco sobre o assunto, cheguei a algumas conclusões. Pois então! Combinamos as cores porque:
1. Quando nos baixamos temos a tendência de mostrar um pouco da bela cueca, que salta por fora das calças (quando não é a cueca é aquele início de rabito que não fica nada bem). Imaginem só se tivéssemos umas cuecas amarelas com uma camisola roxa. Não combinava nada. Se a peça de vestuário teima em espreitar o mundo real, que pelo menos coincida com o resto das cores da indumentária. (ainda no outro dia, estava a tola da Bolacha a tentar enfiar uma pen na parte de trás de um computador, e o meu respectivo boxer resolve saltar para fora, mesmo em frente a um rapaz bem jeitoso… vejam que terror seria se não fossem cinzentos e cinzenta a cor da minha camisola).
2. Imaginemos que estamos a fazer o nosso chichi numa casa de banho pública e fechámos mal a porta. De repente entra alguém de rompante e nós de cueca na mão. Concebam a vergonha de mostrar o cuecame fora dos tons, para além de nos terem apanhado com “os figos no cesto”. (infelizmente isto de me apanharem de cueca não mão acontece tanta vez, enfim)
3. Podemos encontrar o homem da nossa vida a qualquer instante. Não cai nada bem, se partirmos para a loucura, despindo sensualmente a camisolita verde se mostramos um soutien vermelho. Out.
4. Nunca sabemos o que nos pode acontecer quando chegamos a casa. Podem agarrar-nos e atar-nos à cama, e se não tivermos o conjuntinho perfeito, o pobre perde a vontade… agora se tiver tudo no sítio… ui…
5. O belo do decote. O decote, mostra sempre um pouco do soutien, nem que seja quando nos baixamos para apanhar qualquer coisa do chão e timidamente colocamos a mão sobre o peito, na esperança de tapar algo.
6. Finalmente temos o factor vento. A saia tem essa mania. Então tenho uma saia preta que vem um ventinho e eu mais pareço a Marylin Monroe. Uma pessoa bem tenta baixar, mas só apetece fazer Pu Pu Pi tu... lol.
Afinal, mais parece que não é tão despropositado… a mente feminina é muito à frente...

terça-feira, setembro 19, 2006

"Viver todos os dias cansa"


Não posso deixar que o meu estimado blog passe ao lado das minhas segundas-feiras de manhã.

As segundas feiras de manhã são tão cheias para mim, que eu chego sempre com mil histórias para contar, que fazem o sorriso de uns e o escárnio de outros.

Para quem não sabe, passo sempre os meus fins-de-semana, na minha vila natal: Batalha. Moro, durante a semana, em Leiria, onde trabalho arduamente e depois, lá vai a tola, descansar para a terriola…

Para voltar a Leiria tenho de apanhar o autocarro das oito da matina… Um autocarro que vai sempre tão cheio que mal tenho espaço para encontrar um lugar no meio de tantas vidas…

Esta segunda-feira em especial, tive vários pensamentos literários sobre a minha vida nas manhãs deste dia semanal. E decidi regista-los.

Acordei às sete e um quarto com o ralhar da minha mãe: “Cathy, ainda estás a dormir? Vais a pé que eu já estou atrasada!”

Ensonada lá vesti a roupa guardada do dia anterior. Mecanicamente arrumei o resto do saco, e lá fui estrada abaixo até à paragem (e vejam que não é nada perto!).
De saltos, como estava, cheguei à paragem com os pés a latejar (previsível, mas não posso ir de sapatilhas para o trabalho, infelizmente), sem esquecer da dor arrecadada no ombro devido ao peso do saco, e ainda um presente que tinha feito, que, embrulhado em papel de jornal, chamou a atenção dos presentes…pormenores…


Estava lá toda a gente do costume. A mãe de uma ex-melhor amiga minha, a senhora que trabalha no refeitório da ESSE, o rapaz que segue no Expresso para Lisboa (que todas os dias, ao entrar no seu autocarro, me lança um adeus tímido), as três ucranianas, e agora uma enchurrada de adolescentes estúpidos que falam estupidamente dos colegas que entraram na universidade.

Detesto adolescentes. Todos vestidos numa mescla de Floribela com Morangos com Açúcar, que me enoja. Quando chegou o autocarro que os levou para o seu respectivo zoológico, respirei de alívio…

O meu autocarro atrasou-se 10min, e depois lá veio. Atafulhado de gente e com mais uns tantos para entrar. Ainda por cima parece que escolhem o autocarro mais velho e degradante a dedo.

Bem, lá entro com o meu saco (que não posso colocar no porta bagagens, pois este encontra-se demasiado porco e repleto de buracos para levar alguma coisa), com o presente e com os meus 1,67m, procurando um lugar, enquanto pagava e o motorista olhava descaradamente para o meu decote. Foi difícil encontrar lugar. Sentei-me, com toda a minha bagagem no colo e prossegui viagem.

Como estava muita gente e o bus não tinha vidros, os cheiros e os hálitos misturam-se, transformando-se num odor, não muito agradável. Tento arranjar o meu casaco de modo a sentir apenas o meu perfume. O meu CKone cheira bem melhor.

A certa altura, perto da Azóia, chegam algumas senhoras de meia idade, que conseguiram encontrar um lugar sentado. Excepto uma.
Eis senão quando, por mais incrível que pareça, um senhor levanta-se, amigavelmente cede-lhe o seu lugar e coloca-se junto à porta, de pé.
Para além da minha perplexidade em relação à situação (há anos que não via isto acontecer), fiquei embevecida com o civismo daquele homem. Aquela boa educação que me encheu olhar e o coração. Um gesto tão pequeno e, ao mesmo tempo, tão belo…

Como o senhor teve a gentileza de me chamar a atenção pela positiva, tive tempo de o olhar. Devia ter uns 32 anos. Era bem engraçado, por sinal. Alto, bastante magro, com um cabelo encaracolado e uma expressão muito calma no rosto. Fiquei ali, a contemplá-lo, no meu lugarzito, como já não o fazia há muito. Contemplei-o pelo civismo que lhe transbordava nas têmporas…Assim embevecida, lancei un coup d’oeil sobre as suas mãos. Que triste. Tinha umas mãos muito feias. Pena! E logo eu que dou tanta importância a esta parte do corpo masculino…
Perdida nos meus pensamentos, acorda-me a colega do lado, a pedir-me para me levantar, pois ela iria sair na próxima paragem. E o saco, o presente, a minha mala a tiracolo. Uma confusão. Demorei algum tempo a voltar à posição inicial… tanto que quando já estava pronta, reparei que o Senhor Boa-Educação, tinha saído. Fiquei triste. Tinha-me feito sorrir, logo de manhã. O que não é nada normal. Acordo sempre mal disposta, tanto que só consigo comer uma hora depois de estar de pé.

Sem nada para me perder, releio as páginas do jornal que embrulham o meu presente e espero a minha paragem.

Quando saí, nem tive tempo de ir tomar um cafezito no café pertinho da paragem. Faltavam 15min para as nove (hora do pica-ponto) e tinha, ainda, de ir a pé, até casa com a tralha toda…

As minhas segundas-feiras de manhã têm sempre histórias diferentes. É importante para mim registar apenas uma. Para que não se percam no tempo… como eu um dia me perderei… ficarão as palavras, enquanto o servidor não for abaixo…

Dêem-me segundas-feiras, que preciso de um Domingo na minha vida!

sexta-feira, setembro 15, 2006

Recicla-me!

Realmente, preciso de uma reciclagem... quem me dera que nos pudessemos reciclar... retirar tudo o que era velho e transformá-lo em coisas completamente novas e interessantes... seria uma ideia brilhante...
Tenho o cérebro atafulhado do lixo dos sentimentos...

Deêm-me ideias, que não consigo pensar...

quinta-feira, setembro 14, 2006

Enterrei-me

See you in another life...
Adenda: Para que conste, eu não fechei o meu blog... é só um estado de espírito!

Com a vida escarrapachada na net!


Alguém já experimentou em escrever o nome no google, por exemplo, para ver o que aparecia? Acho que todos tivémos esse bichinho. Não é que ontem experimentei o meu, e surgiram-me um sem número de páginas que eu desconhecia. Desde o meu maravilhoso blog, aos estágios a que concorri... é algo transcendental o facto de como a internet, por vezes, sabe mais da nossa vida que nós.
Vá experimenta lá: google

quarta-feira, setembro 13, 2006

O ódio é um excelente tira-nódoas para o sofrimento.


Quando a dor se me engasga na garganta, não consigo olhar o espelho.
Os sentimentos deveriam ser como os pratos: arrumados nas suas respectivas prateleiras. Sujávamo-los, lavamo-los e voltávamos a coloca-los no lugar, até que um dia precisássemos deles outra vez. É uma chatice não ser assim. Porque nem os sentimentos se arrumam, nem nós os retiramos dos devidos lugares apenas quando queremos.
O que sentimos está mais que desarrumado. Mais que sujo. Nunca dá um sinal da sua vinda.
Julgo que se, antes de os sentimentos nos arrebatarem, se batessem à porta ou enviassem uma SMS, que dissesse:

- cucu, daqui a duas semanas vais sofrer com o sentimento “dor” e amar perdidamente com o sentimento “paixão”!

… seria tão bom! Seria tão fácil precaver o coração, que mal precisaríamos das lágrimas para o colar quando se quebrasse.

Alguém um dia me disse (penso que até foi o meu querido Eduardo Sá) que “as nossas dores muito profundas acendem um semáforo que nos protege”.
Sinto que não é bem verdade, ou então as minhas dores são teimosas como o raio, porque não me andam a proteger nada! Até parece que o semáforo está sempre verde para entrar mais uma, e depois mais outra…
Se ao menos eu me conseguisse esquecer num copo de Porto quente, ou abraçar-me no frio de um Martini “sem gelo, por favor”?

Gostava de beber a vida de uma golada só. Não ter de pensar naquilo que os outros sentem, pensam ou dizem. Não ter de tomar todas as decisões, de tomar conta de todas as pessoas. Ainda não fui mãe, e já me sinto responsável pelo asco e pelos problemas da Humanidade.

Apetecia-me estar sozinha. Ultrapassar esta dor sozinha. Porque assim, poderia estar à vontade, sem me perguntarem nada.

Gostava de adormecer de uma vez para sempre.
Gostava de odiar de uma vez para sempre.
Gostava de estar contigo de uma vez para sempre.
Como não estou. Dói-me. E se me dói, odeio-te. Só odiando-te eu apago a minha dor, e sou feliz!

“Não quero viver
sem ti
mais nenhum tempo
nem sequer um segundo
sem sono
Encostar-me toda a ti
Eu não invento
Tu és a minha vida o tempo todo”
Maria Teresa Horta
(bonitinho este poemito, não é? Não tem nada a ver com o post, mas penso isso não interessar para o caso, eh eh eh)

sexta-feira, setembro 08, 2006

Down!













Sinto-me a ir pelo cano abaixo... bem juntinho à podridão do Ser... quero fechar os olhos e esquecer que existo...

Deixem-me dormir, que não tenho sono!

terça-feira, setembro 05, 2006

Sonho. Não sei quem sou.

Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me.
Na hora calma Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.
Se existo é um erro eu o saber.

Se acordo Parece que erro.
Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.
Lapso da consciência entre ilusões,

Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.

Fernando Pessoa - Cancioneiro

Lali Puna

Micronomic



Os Lali Puna caíram no meu colo num acaso. Eu tinha pedido, durante uma aula, a uma amiga (a Mafa) todos os CDs de Sigur Rós que ela tinha para eu gravar em casa. Ela tinha-os dentro de um porta-cds, onde estavam mais CDs que o namorado lhe tinha gravado e emprestou-me aquilo tudo...
Cheguei e casa e pus-me a ouvir. Gostei de alguns. Não gostei de outros tantos. Amei dois CDs que ela tinha: um estava identificado como Arto Lyndsay, outro não tinha nada...
Continuei a ouvir e quase a decorar as letras das músicas, mesmo sem saber que raio era aquilo! Até que um dia, em conversa lembrei-me de perguntar: "oh Spooky que CD era aquele que não tinha nome?" E ele respodeu-me "Lali Puna".
Prontamente apontei esse nome num papel que se encontrava na minha bolsa dos lápis e nunca mais o esqueci.
Agora os Lali Puna fazem parte da minha vida, como os elásticos servem para prender cabelo... Electrónica, misturada com paixão, futurismo, vanguardismo e música experimental... para além de umas letras fantásticas... recomendo!
Deixo-vos o Micronomic, do último álbum "Faking the Books"! Deliciem-se...
Mais em Lali Puna

segunda-feira, setembro 04, 2006

Diariamente...


Todos nós, a certa altura das nossas vidas, tivémos um diário. Davamos-lhe um nome, ou simplesmente escrevíamos "Querido Diário".
Escrever acalmava...
Parecia que registávamos os nossos pensamentos em páginas soltas, que se fechavam com um cadeado, cuja chave estava bem presa ao coração.
Quando alguém descobria a chave, ou arrombava a fechadura dos nossos segredos, o mundo parecia desmoronar-se. Era como se alguém tivesse traído a nossa confiança.
Fazia doer tanto.
Eu sempre gostei de enfiar a cabeça na areia nos problemas do coração. Quando o coração começava a arranhar, e eu a sonhar, a sonhar... voava... esquecia-me de tudo e de todos. Nada mais interessava.
Nessas alturas era sempre eu que dava a chave para abrirem os meus segredos, e quando tudo terminava (tanto a amizade como o amor), eu pedia sempre a chave de volta:
- Dá-me a chave dos segredos do meu coração para que ele deixe de arranhar por ti!
E assim foi.
Sentia que doía um bocadinho. Até porque as feridas que se curam com betadine demoram um pouco a sarar. Mas eu sempre gostei de chorar. De me trancar. De me isolar do Mundo. Só um bocadinho.
E agora?
Nunca me tinha acontecido, mas roubaram-me a chave e arrombaram-me a fechadura.
Como é que peço a chave de volta e arranjo a fechadura?
E se eu não quiser nem arranjar a fechadura, nem a chave de volta?
Deixo que me doa?
Deixo que me continue a fazer feliz?
Pisco o olho ao chaveiro, e vou fingindo que não tenho a chave... e continuo a sonhar...
Deixem-me voar, que tenho medo de alturas...

sexta-feira, agosto 25, 2006

Espelho dos dias

Todos os dias vejo uma miúda quando olho ao espelho que se questiona o raio que está aqui a fazer.

Estou à espera.

Tenho cometido tantas estupidezes, tantos erros, que me custam a contar… e dói cá dentro… a porta está fechada… a fechadura está estragada… custa-me acreditar que estas são as horas que são… que não dá para mudar o tempo, atrasar os relógios… fazer com que a espera não se eternize.

Será que fiquei mais feia, porque simplesmente cresci?… porque não arrumei as malas do coração, na infância das cores de rosinha… não percebo porque ainda mantenho exactamente a mesma gargalhada…

A dor atenua-se. Sei-o bem. O pior é quando a prevemos e começamos a contar os dias do avesso, em vez de ser do direito. Se bem que, andar com a roupa do avesso afasta as bruxas, dizia já a sabedoria popular.


Não quero nada saber dessa história, e por vezes pouco me importa o que os outros dizem ou querem dizer, ou pensam em dizer e não dizem…

Já tenho saudades tuas.

O contrabaixo dos sentimentos está com as cordas partidas e sinceramente não me apetece gastar dinheiro a comprar umas novas. As cordas dos contrabaixos são caras e custa tanto…

É como tocá-lo. Faz bolhas nos dedos… faz cãibras nos pulsos, mas ao mesmo tempo dá um prazer imenso ouvir aquele som ritmado por onde se segue toda a música…

O amor é a melodia ritmada que gere a vida… o ritmo vai desde os batimentos cardíacos até às enxaquecas diárias.

Mas nada disto me basta. Nunca me bastou a ausência. Insaciável.

Vou para casa pensar no assunto e decidir se isto é tudo mentira ou a mais pura das verdades.

Deixem-me amar, que estou deprimida…

sexta-feira, agosto 18, 2006

“Há pessoas que são para nós como os poetas: põem palavras onde antes só havia sentimentos”.

“A vida levanta pó que se farta”. Nem tudo são cores pastel. O rosinha e o azulinho, passando por aquele amarelito murcho…

As cores que enfeitam os nossos dias, julgo, serem outras. Um vermelho vivo de paixão desmedida; um azul forte de raiva, um verde ranhoso de vómito, sem esquecer, é claro, do amarelo florescente dos sorrisos premeditados.

Nunca gostei da hipocrisia dos sorrisos amarelo florescentes. Mas uma vez, um grande professor meu, deu-me uma lição para a vida: “se queres ser alguém terás de ser hipócrita por momentos”. E juro, que se não fosse a minha falsa hipocrisia (que sou terrível a mentir), hoje ainda não era um terço do que me tornei. Não é que seja uma grande pessoa, mas penso ter aprendido a lidar com aqueles que não interessam nem “ao menino Jesus, nas palhinhas deitado, nas palhinhas estendido”.

Já o vómito verde ranhoso é o asco que sentimos por certas coisas. Nunca confundir com o azul forte de raiva. Porque a raiva pode sentir-se com quem amamos. Agora o asco é mais para o sorriso amarelo florescente.
O vermelho vivo, esse… era aqui que eu queria chegar. Não é que goste de vermelho – que até nem gosto nada – sou apartidária futebolística, e só tenho uma camisola vermelha que comprei por catálogo e da qual nem escolhi a cor. Eu é mais o branquinho, o verdinho e o amarelito.

Mas onde é que ia? Ah… ai… ai… o vermelho da paixão é das cores que nos levanta mais o pó. Insconstante, insuficiente, fastidioso… Até porque “encontrar o amor é o segundo desafio da nossa vida. O primeiro é nunca lhe dizer adeus”.

Há pessoas que simplesmente nos viram do avesso e banham de sol o pó das nossas vidas. O problema é se elas nos abandonam de “pantufas”. E essa história de aprendermos com os nossos erros, e ir sofrendo às “mijinhas”, para mim, não é mais que tolice.

Quantas vezes não cometemos exactamente o mesmo erro? “Aprender a olhar para trás faz doer o pescoço” e a mim já me basta a minha hérnia.

Há que passar pelas coisas, para aprender, é claro… mas na minha opinião, será também para que da próxima vez que nos desiludirmos com a mesma situação pensarmos idealizar apenas um amor é dizer adeus sem dar por isso.
Então vamos lá. Toca a arriscar… não nos vamos querer decepcionar com um ideal quando nos podíamos decepcionar com o “big deal”.

Vá lá… deixem-me ser poeta que vou de férias!!!

sexta-feira, agosto 11, 2006

Ai as aulas de Etiqueta!

Parece que anda aí uma onda do pessoal se andar a etiquetar todo... eu por mim tirava todas as etiquetas, as da roupa, as da mesa, as do bem parecer, enfim... (suspiro). Fui etiquetada pelo Hole In My Vein. E juro que agora estou um bocado nervosa porque nem sei o que dizer.... São seis coisas que temos de dizer sobre nós, não é... e depois etiquetar mais seis pessoas... então aqui vai:


1_ Adoro - estar em casa quentinha enquanto faz frio e vento lá fora. Fechar-me no quarto com o meu Martini a ouvir Sigur Rós, a sentir pena de mim. Ir para perto do mar apenas para molhar os pés (até porque tenho um medo do mar que me pelo). Ver as estrelas e não perceber nada de constelações. Perder-me em cidades que não conheço bem. Viajar. Conhecer cada vez mais gente para estar cada vez mais concentrada em mim. Um bom concerto, uma bela exposição de pintura que me arrepie (como a fixa de expressionismo português da Gulbenkian, onde eu ia todos os anos para me arrepiar mais um bocadinho). O primeiro beijo, o primeiro toque, o primeiro olhar apaixonado. O amor e tudo o que ele envolve, incluindo a dor. A dor.Adoro gatos. Adoro estar triste. Chorar. Adoro os meus amigos. Adoro o meu curso, apesar de não trabalhar naquilo que sonhei (há-de chegar a altura).


2_Detesto - Não ter consigo ser Jornalista de Guerra. Não ter seguido Pintura. Não ter continuado em Bandas de Garagem. A mania de algumas pessoas de que têm razão, afinal a razão é tão subjectiva. Detesto conselhos que não me levam a lado nenhum. Detesto conversas de chacha. Pessoas que chamam intelectualóides a quem gosta de filmes do David Linch e livros do Kafka, porque ninguém percebe nada e pensam que percebem - uma palavra para essas pessoas, gosto de coisas que me façam pensar, já vi o Mullolland Drive cinco vezes e ainda me fascina... Não gosto de coisas fúteis, como futebol e passo-me com o pessoal que me chama burra por não gostar de futebol.


3_ Sou - Assumidamente de Esquerda. Ambientalista. Faço a separação dos lixos. Moro com mais três pessoas. Tenho duas casas. Pinto telas para amigos e escrevo contos para concursos. Sou designer nas horas vagas. Sou mesquinha com coisas pequenas. Sou amiga de quem me ama e sou capaz de tudo para defender os amigos do peito.


4_ Já Fui - Irritante. Chata. Ridícula. Inocente. Catequista. Cantora. (Mas quem nunca foi?) Todas as pessoas que me conhecem falam da minha evolução enquanto pessoa na faculdade. Passei de Besta a Semi-Bestial... LOL...


5_ Não passo sem - Milan Kundera, Kafka, Fernando Pessoa, Al Berto, Pedro Paixão, Gabriel Garcia Marqués, Sigur Rós, Air, Lali Puna, Aphex Twin, Arto Lindsay, Alanis... não passo sem tomar banho, pentear-me e lavar os dentes de manhã. Sem a minha almofada querida. A minha cama fofinha. Não passo sem Beijinhos.


6_ Já estive em - Portugal (Continental e Açores), Espanha, Angola (em voluntariado). Já estive nos escuteiros. Estou numa tuna (adoro associações). Já fiz milhares de estágios. Já devo ter uma grande carteira de contactos (lol). Já estive desempregada e voltarei a estar (é um costume)... Já me apaixonei algumas vezes. Já fui magoada muitas vezes. Já chorei bastante.... já sofri bastante... mas nunca me canso.

Agora etiqueto:

Pancrásio Juvenal

Chiquinha

Poca

Novo

Raquel

Paulovsky


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