Porque é que tenho tanto frio?
Porque é que a minha perna me dói tanto ultimamente, de tal maneira que quase consigo controlar a dor e nem me queixo, só no meu silêncio indestrutível, ou no meu Reiki purificador?
Porque é que exigem tanto de mim?
Porque é que tenho de estar sempre atenta?
Porque é que não posso simplesmente desinteressar-me?
Porque é que tenho obrigatoriamente de viver?
Porque é que tenho de trabalhar?
Porque é que tenho de me calar?
Mas principalmente, e volto ao início, porque é que está tão escuro e um dia tão frio, que nem a minha boina branca de malha me protegeu esta manhã enquanto descia à cidade?
Sempre me disseram que estar na Terra é difícil. Bem, a Alien que diga se isto é melhor ou pior que na “Terra” dela… Mas por vezes o desconforto de fazer tudo certinho também me sobe à cabeça.
Gostava de ter sido uma marginal a viver à margem da lei. Sempre em fuga. Às vezes sonho com isso e nos países que poderia já ter também visitado nesta minha fuga interminável… Deveria ser muito interessante. Deveria conhecer quase todos os mafiosos do mundo e teria uma mira na testa por onde andasse. A vida no perigo. Sempre o quase… sempre o quase…. Sempre o quase…
Mas não. Não tenho nada disto. Mas comigo é sempre o “se”. E se eu fosse assim. Ou se fosse assado. [bem se fosse assado, já não era porque alguém já me tinha papado].
Viver na inconstância do ser. Viver com um fantástico medo de dizer, NÃO! Viver na sombra de mim mesma. Viver simplesmente para não desiludir os outros… Cansa-me. E estou mais que cansada de mim mesma. Tanto que a minha próxima resolução de ano novo será: DIZER NÃO!!!
Tanta dissertação… e volto novamente à questão…