quinta-feira, abril 03, 2008

nostalgia... do nada

Se eu fosse de ferro vestia-me de cinzento todos os dias… acordei com esta frase a passear-se na minha cabeça e sinceramente não sei o que fazer com ela. O poço sem fundo em que se tornou a minha vida é mais cor-de-rosa chock. Parece que caminho por entre sorrisos falsos e promessas escondidas. Desenhos desenhados em paredes desenhadas de branco puro. É tudo muito triste e tudo me dói.

Quando a chave entrou na fechadura da minha porta de alumínio negro, quando ouvi aquele raspar rouco que se entranha na pele, lembrei-me por ventura do teu cheiro, e de como sabiam bem aquelas tardes à beira mar. Como a espuma dos dias e a cevada das noites me levavam entre caminhos de estrelas e martinis gelados. Como o teu cabelo era suave e com cheiro a johnsons baby camomila. Eras claro e tinhas mãos de pianista, no entanto enveredaste pelo mundo das artes cénicas e dos amores sem sentido. Como o nosso. Como o beijo que demos e que nunca voltámos a repetir.

A nostalgia tem destas coisas. De nos lembrarmos de pessoas que de certeza nem se recordam de nós. Que dormiram connosco e partilharam a mesma almofada. Que fizeram comentários sobre a lua escura, a lua nova e o quarto minguante. Que arranharam os dedos pela minha pele jovem, virgem e macia… que ficaram comigo várias noites depois dessa. Na minha cabeça. Nas minhas mãos… no meu telefone…

Só foi pena nunca teres existido...

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