Tenho chuva no cabelo;
Tenho um Cinqueciento maravilhoso;
Tenho dois telemóveis;
Tenho um mestrado para acabar;
Tenho uma dieta para cumprir;
Tenho muito amor para dar…
Aparte disto, não tenho nada, a não ser um vazio imenso que me preenche as entranhas. Não tenho sol, não tenho paz, não tenho descanso, não tenho vida…
Ainda há bem pouco tempo, fazia o trajecto Leiria – Lisboa (habitual) no Expresso e chovia… chovia muito. Bastante até. Parámos em Caldas, onde parecia existir uma inundação. A água escorria por todo o Autocarro e fez-me sentir limpa. Por momentos não tive pecados, nem cenas incestuosas. Estava por debaixo daquela água e sentia-me purificada. Depois de repente, parou de chover e a velocidade do autocarro escorreu todas as gotas de água outrora pertencentes ao meu vidro, as quais já tinha acarinhado.
Voltei ao que era. E senti-me triste por isso. Senti-me culpada e miserável novamente…
É interessante como e de que maneira um dia de chuva nos pode fazer sentir bem e a sua ausência nos faz sentir mal. Nós, que detestamos chuva e praguejamos ao céus quando ela nos cai em cima, indefesa, disposta a ajudar-nos a continuar a sobreviver…
Pensei que somos assim também com as pessoas. Há pessoas que pensamos que nos massacram a vida; pessoas a quem nos sentimos obrigados a estar e a confraternizar; pessoas de quem pensamos que não precisamos. Mas, no entanto, há momentos em que só essas pessoas nos podem fazer sentir bem.
São pessoas que estão perto, e muitas vezes, mais perto e mais juntinho do quentinho do nosso coração do que pensamos. E que só nos querem bem e felizes. Se por ventura, um dia, essas pessoas nos faltassem… bem, aí íamos sentir na pele a sua nostalgia associada à nossa solidão.
Tenho a certeza de tudo isto. E nunca tenho verdades absolutas sobre nada…
Dêem-me sol e calor, que me sinto estúpida!!!
Foto [Faneca in http://www.olhares.com/Fanequita]
3 comentários:
Acho que estás estúpida! :D Brincadeira...
Eu adoro a chuva. E todos me condenam por isso.
Adoro estar em casa e a chover lá fora. Adoro ouvir o barulho das gotas a bater nas chapas, nos telhados. O barulho dos pneus a tocar no alcatrão. Com chuva, sinto-me aconchegado.
E tanta falta me faz que chova!
P.S. Acho que estás a delirar com a conversa, digamos, parva que vai no outro lado :D
Sim... delirei com aquilo... na verdade a parvoíce é algo que me capta perfeitamente a frequência... Tive de sair mais cedo ontem e acabei por perder a conversa... fica para um próximo post...
A minha noite sem sono, fez-me chegar até aqui, e por aqui me deixei ficar um pouco... fui lendo, fui gostando, fui ficando enquanto as gotas de chuva batidas na janela me permitiam ficar, depois a chuva parou e deixei-me adormecer.
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